As rãs normalmente não provocam grande espanto, mas as pequenas rãs descobertas no Brasil são totalmente adoráveis. A espécie da foto acima, juntamente com outras seis, foram descobertas recentemente na sequência de uma caçada árdua de cinco anos na Mata Atlântica brasileira.
Com algumas das rãs adultas a não serem superiores a um insignificante centímetro de comprimento, você pode facilmente imaginar quão complicado foi conseguir detectá-las, mesmo com as cores marcantes que algumas delas ostentam.
Os micro-anfíbios pertencem a um grupo, ou gênero, chamado braquicéfalos, cujos membros estão no topo da lista dos mais ínfimos vertebrados terrestres conhecidos. O seu pequeno tamanho levou a várias modificações na estrutura do corpo, tais como uma perda dos dedos.
Embora algumas espécies braquicéfalos sejam bastante monótonas na aparência, misturando-se com o marrom dos troncos de árvores e folhas mortas, vários padrões de coloração conspícua estão associados à presença de uma neurotoxina muito potente na pele.
Desde que os braquicéfalos foram descritos pela primeira vez em 1824, vinte e uma espécies foram adicionadas ao grupo, mas mais de metade das espécies reconhecidas têm sido descobertas ao longo dos últimos 15 anos.
Isto sugere que a diversidade deste grupo único pode estar subestimada, razão pela qual os pesquisadores, liderados por Marcio Pie, foram para a floresta tropical no Brasil para ver o que eles poderiam encontrar, facto que provou ser um esforço frutífero.
Conforme descrito na PeerJ, as rãs foram descobertas após um extenso trabalho de campo em áreas montanhosas da porção sul da Mata Atlântica nos estados do Paraná e Santa Catarina. Depois das amostras serem recolhidas, os cientistas utilizaram diferenças na morfologia das rãs, em particular a sua coloração e o nível de rugosidade em diferentes partes do corpo, de modo a nomeá-las.
Após as descrições originais, os dados de sequenciamento de DNA confirmaram a sua distinção. As rãs variaram na cor do marrom ao amarelo brilhante e laranja, mas uma em especial destacou-se como verdadeiramente única. Esta espécie, B. mariaeterezae, tem uma listra azul clara à sua volta que não havia sido observado anteriormente em qualquer membro deste gênero.
A maioria das espécies dentro do grupo dos braqucéfalos descoberta até agora só foi encontrada em pequenos intervalos. Esta natureza altamente endêmica é o resultado da adaptação ao seu habitat da floresta, que também limita a sua propagação a outros ambientes e, portanto, aumenta a taxa de formação de novas espécies.
Mas esse endemismo também tem um custo. Uma vez que somente são encontradas num local, a probabilidade de extinção devido a alterações ambientais como por exemplo o desmatamento ou as mudanças climáticas é maior. É por isso que é urgente documentar a existência de tais espécies e de pensar em planos de gestão para garantir a sua sobrevivência a longo prazo, afirma Pie. [iflscience]