Pesquisadores descobriram um gene que liga as três alterações biológicas previamente não relacionadas mais comummente responsabilizadas por causar esquizofrenia, tornando-se um dos culpados mais promissoras para a doença e um bom alvo para futuros tratamentos.
A esquizofrenia é um transtorno mental debilitante que aparece geralmente no final da adolescência, e muda a maneira como as pessoas pensam, agem e percebem a realidade. Durante décadas, os cientistas têm lutado para descobrir o que provoca as alucinações e comportamentos estranhos associados à doença, e apontam para três mudanças neuronais que parecem ser as culpadas.
O único problema é que as alterações parecem estar relacionadas em alguns casos, e, noutros casos, são até mesmo contraditórias. Mas agora, pesquisadores da Universidade de Duke, nos EUA, conseguiram encontrar uma ligação entre essas três hipóteses, e mostraram que as três mudanças podem ser provocadas por uma avaria no mesmo gene.
Na publicação feita na revista Nature Neuroscience, os pesquisadores explicaram que os seus resultados poderiam conduzir a novas estratégias de tratamento que visem a causa subjacente da doença, em vez das mudanças ou fenótipos visíveis, associados à esquizofrenia.
"A parte mais emocionante foi quando todas as peças do quebra-cabeça se juntaram", disse o pesquisador-chefe, Scott Soderling, professor de biologia celular e neurobiologia da Universidade de Duke. "Quando o co-pesquisador Il Hwan Kim e eu finalmente percebemos que estes três fenótipos exteriormente não relacionados ... estavam realmente e funcionalmente inter-relacionados foi surpreendente e muito emocionante para nós".
Então, quais são esses três fenótipos? O primeiro é a poda espinhal, que significa que os neurônios de pessoas com esquizofrenia têm menos espinhos - a longa parte de uma célula cerebral que passa sinais para frente e para trás. Algumas pessoas com esquizofrenia também têm neurônios hiperativos, com excesso de produção de dopamina.
Mas essas mudanças simplesmente não parecem fazer sentido juntas. Afinal, como poderia um neurônio ser hiperativo se não tem espinhas dendríticas suficientes para passar as mensagens e por que qualquer um destes sintomas desencadeam excesso de produção de dopamina? Agora, os pesquisadores acreditam que uma mutação no gene Arp2/3 pode ser o culpado.
Soderling e a sua equipa originalmente descobriu o gene durante estudos anteriores que evidenciaram milhares de genes ligados à esquizofrenia. Mas Arp2/3 foi de particular interesse, uma vez que controla a formação de sinapses, ou ligações, entre os neurônios.
Para testar o seu efeito, os pesquisadores criaram ratos genéticamente modificados sem o gene Arp2/3 e, surpreendentemente, descobriram que eles se comportaram de forma muito semelhante aos seres humanos com esquizofrenia. Os ratos também ficaram piores com a idade e melhoraram ligeiramente com medicamentos antipsicóticos, ambas características da esquizofrenia humana.
Mas o mais fascinante foi o fato dos ratos também terem as três alterações cerebrais não relacionadas - menos espinhas dendríticas, neurônios hiperativos e excesso de produção de dopamina. Eles também levou as coisas um passo adiante e mostraram, pela primeira vez, que esta falta de espinhas dendríticas pode realmente desencadear os neurônios hiperativos.
Isso ocorre porque as células do cérebro dos ratos religa-se para ultrapassar essas espinhas, efetivamente pulando o "filtro" que normalmente mantém a sua actividade em cheque. Eles também mostraram que esses neurônios hiperativos na parte da frente do cérebro foram estimulando outros neurônios para despejar dopamina.
No geral, os resultados combinados revelam como três patologias distintas, ao nível molecular mais ínfimo, podem convergir e alimentar um transtorno psiquiátrico. O grupo vai agora estudar o papel do Arp2/3 em diferentes partes do cérebro, bem como a sua ligação a outros sintomas da esquizofrenia.
A pesquisa ainda está em estágios iniciais, e, obviamente, só foi demonstrada em ratos e não em seres humanos. Mas é um primeiro passo promissor para a compreensão desta doença misteriosa. "Estamos muito animado sobre a utilização deste tipo de abordagem, onde podemos geneticamente resgatar a função do Arp2/3 em diferentes regiões do cérebro e normalizar comportamentos", disse Soderling. [iflscience]
No geral, os resultados combinados revelam como três patologias distintas, ao nível molecular mais ínfimo, podem convergir e alimentar um transtorno psiquiátrico. O grupo vai agora estudar o papel do Arp2/3 em diferentes partes do cérebro, bem como a sua ligação a outros sintomas da esquizofrenia.
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