Um grupo de físicos levantou a possibilidade do Grande Colisor de Hádrons (LHC) poder fazer uma descoberta incrível: comprovar a existência de outras dimensões.
Os pesquisadores sugerem que ele é capaz de detectar mini-buracos negros. Tal conclusão tem enorme importância por si só, mas pode ser uma indicação de coisas ainda mais importantes.
Poucas ideias de física teórica capturam tanto a imaginação do público quanto a hipótese de outras dimensões, que propõem um número infinito de universos que diferem do nosso, quer em termos macro, quer em termos micro.
De facto, tal ideia tem servido de inspiração para inúmeros filmes e histórias. No entanto, de acordo com o professor Mir Faizal, da Universidade de Waterloo, no Canadá, quando as pessoas pensam em multiverso, pensam na interpretação de muitos mundos da mecânica quântica, onde cada possibilidade se concretiza.
Para o cientista, tal perspectiva não pode ser testada e por isso não pertence ao campo da ciência, mas é sim objeto da filosofia. Ainda assim, Faizal considera a possibilidade de um teste para um tipo diferente de universos paralelos quase ao nosso alcance. "O que podemos observar são universos reais em dimensões extras", afirma.
De acordo com Faizal, à medida que a gravidade pode fluir para fora do nosso universo, para dimensões extras, tal modelo pode ser testado pela detecção de mini-buracos negros no LHC. A ideia de que o universo pode ser preenchido com pequenos buracos negros foi proposta para explicar quebra-cabeças tais como a natureza da matéria escura.
No entanto, a energia necessária para criar esses objetos depende do número de dimensões que o universo possivelmente tem. Assim, num universo quadridimensional convencional, estes furos exigiriam TeV 1016, 15 ordens de grandeza superiores à capacidade do LHC. A teoria das cordas, por outro lado, propõe 10 dimensões, mas apenas quatro podem ser "experimentadas".
As tentativas de modelar tal universo sugerem que a energia necessária para fazer esses pequenos buracos negros seria muito menor, tanto que alguns cientistas acreditam que eles deveriam ter sido detectados em experiências já executadas pelo LHC. Então, se não há detecção, não há teoria das cordas? De acordo com Faizal e seus colegas, a resposta é Não.
Eles argumentam que os modelos utilizados para prever a energia dos buracos negros num universo de 10 dimensões deixaram de fora a deformação quântica do espaço-tempo que muda a gravidade ligeiramente.
Se esta deformação é real é uma questão em rápido desenvolvimento, mas se for, o artigo argumenta que os buracos negros teriam níveis de energia muito menores do que em um universo de quatro dimensões, mas cerca de duas vezes maior do que o detectável por qualquer execução de teste de modo distante.
O LHC foi projetado para chegar a 14 TeV, mas até agora só foi a 5,3 TeV, enquanto o artigo aponta que os buracos podem estar à espreita em 11,9 TeV. Neste caso, uma vez que o LHC atinja a sua plena capacidade, devemos encontrá-los. Tal descoberta iria demonstrar a deformação do espaço-tempo em microescala, a existência de dimensões extras, universos paralelos dentro deles e a teoria das cordas.
Se forem encontrados nos níveis de energia certos, os buracos confirmariam a interpretação da equipa de uma nova teoria sobre o comportamento dos buracos negros chamada arco-íris da gravidade. Tal revelação surpreendente e quádrupla transformaria a física, embora os pesquisadores já estejam considerando as falhas mais prováveis no seu trabalho, se os buracos se provarem indescritíveis. [iflscience]