Mais de 99% das espécies que já viveram no nosso planeta estão agora extintas, e um dos culpados pode ser a matéria escura, afirma estudo.
Apesar da maioria das extinções poderem ser atribuída à concorrência ou falta de adaptação, muitas ocorreram durante eventos cataclísmicos dramáticos.
O registo fóssil mostra-nos que essas extinções em massa parecem ocorrer periodicamente em ciclos de de aproximadamente 26 a 30 milhões de anos.
Curiosamente, esse tempo é semelhante à quantidade de tempo que leva o nosso sol a mover-se para cima e para baixo através do disco galáctico e a atravessar a linha de centro da Via Láctea.
Essa região, conhecida como o plano galáctico, está repleta de nuvens de poeira e gás que podem atrapalhar o lixo espacial dentro do nosso sistema solar e enviar alguns para o nosso planeta, facto que se encaixa em algumas das extinções em massa. No entanto, de acordo com uma nova pesquisa, pode estar outra coisa em jogo: a matéria escura.
Conforme descrito no Monthly Notices da Royal Astronomical Society, passar por regiões concentradas dessa coisa indescritível e invisível também pode colocar cometas numa rota de colisão com a Terra. Além disso, as partículas de matéria escura também podem aumentar as temperaturas do núcleo do nosso planeta, afetando os sistemas geológicos e desencadeando eventos de extinção.
A nossa galáxia, a Via Láctea, é um enorme disco achatado de estrelas, poeira e gás que mede cerca de 120.000 anos-luz de diâmetro. A linha central deste grande disco giratório, ou plano galáctico, é conhecida por ser concentrada em poeira e gás, mas também parece estar cheia de matéria escura. Embora nós não possamos observar diretamente esta substância, os cientistas sabem que ela existe, pois exerce efeitos gravitacionais sobre outros objetos no espaço.
A partir dessas observações, os cientistas estimam que cada ano-luz do plano galáctico contém cerca de uma massa solar da matéria escura. Enquanto o nosso sistema solar gira em torno da Via Láctea, o que leva cerca de 250 milhões anos, também oscila verticalmente através do disco galáctico, passando pelo plano galáctico a cada 30 milhões de anos.
Isso correlaciona-se com os intervalos documentados entre os eventos de extinção em massa e com eventos de impactos de cometas sobre a Terra, o que levou o cientista Michael Rampino, da Universidade de Nova York, a analisar melhor o que poderia estar a acontecer.
Embora trabalhos anteriores tenham sugerido que a concentração de poeira e gás no plano possa ser responsável por estragar as órbitas de cometas no nosso sistema solar, Rampino propõe que a matéria escura também pode ser um fator importante. As nuvens do material podem perturbar as órbitas de detritos espaciais e arremessar alguns em direção à Terra, causando grandes eventos de colisão.
Outra possibilidade é que, como o nosso planeta passa através do plano, partículas de matéria escura podem ser apanhadas na gravidade do nosso planeta, eventualmente, caindo e acumulando-se no núcleo da Terra. Essas partículas, então, começariam a aniquilar-se umas às outras ao longo do tempo, criando uma imensa quantidade de calor no núcleo.
Tal facto iria fazer aumentar a temperatura em várias centenas de graus Celsius. Ao longo de milhões de anos, este calor poderia viajar para a superfície, provocando eventos, tais como erupções vulcânicas ou mudanças no clima global e no nível do mar, o que poderia acabar com um grande número de espécies na Terra. [iflscience]