Novos mapas de água na atmosfera de Marte revelam que o planeta vermelho pode ter tido um oceano a cobrir até um quinto do planeta, dizem os pesquisadores.
Mais pesquisas para aperfeiçoar esses mapas poderão ajudar a orientar a busca para identificar reservatórios subterrâneos de Marte, acrescentaram os cientistas. Um novo vídeo da NASA, que pode ver mais abaixo, descreve o antigo oceano em Marte.
Embora a superfície de Marte seja agora fria e seca, há uma abundância de evidências que sugerem que rios, lagos e mares cobriam o planeta vermelho há bilhões de anos.
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Uma vez que existe vida praticamente onde quer que haja água líquida na Terra, alguns pesquisadores sugerem que a vida pode ter evoluído em Marte nessa altura, e ter permanecido lá até agora, escondida em aquíferos subterrâneos.
Muito permanece desconhecido sobre como Marte perdeu a sua água e quanta água líquida pode permanecer em reservatórios subterrâneos. Uma maneira de resolver esses mistérios é analisar os tipos de moléculas de água na atmosfera marciana.
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Normalmente, as moléculas de água são cada uma constituídas por dois átomos de hidrogénio e um átomo de oxigénio. No entanto, um, ou ambos os átomos de hidrogénio podem ser substituídos por átomos de deutério para criar água deuterada. (Deutério, como hidrogénio, tem um protão, mas também um neutrão).
A água deuterada é mais pesada do que a água normal, e comporta-se de forma diferente. Por exemplo, pode ser mais fácil para a água normal escapar de Marte, uma vez que pode vaporizar mais facilmente na atmosfera. A radiação solar pode dividir essa água em hidrogénio e oxigénio, e o hidrogénio pode escapar para o espaço.
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Ao estudar a relação atual de deutério e hidrogénio na água marciana, os pesquisadores sugeriram que poderiam estimar o total de água que o Planeta Vermelho costumava ter. Eles construíram novos mapas da relação entre o hidrogénio e o deutério na água da atmosfera de Marte usando dados recolhidos entre 2008 e 2014 pelo Very Large Telescope, no Chile, e pelo Observatório Keck, no Havaí.
Eles descobriram a relação entre água deuterada e água normal em algumas regiões de Marte era maior do que se pensava, tipicamente sete vezes maior do que nos oceanos da Terra. Este rácio elevado sugere que Marte perdeu uma grande quantidade de água ao longo do tempo.
"Agora podemos ter uma forte estimativa de quanta água foi perdida no planeta", disse Geronimo Villanueva, cientista planetário da NASA e principal autor do estudo publicado na revista Science. Com base nos seus resultados, os cientistas estimam que Marte pode ter tido água suficiente para cobrir até 20 por cento do planeta há cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.
Eles sugerem também que o planeta vermelho ainda pode possuir reservatórios subterrâneos substanciais de água. Mapas mais refinados da água na atmosfera de Marte poderão ajudar a guiar a busca por esses aquíferos profundos, afirma Villanueva. [Space]