De acordo com novas evidências científicas, os seres humanos eram incapazes de ver a cor azul, tendo somente passado a vê-la em tempos modernos.
Numa fascinante investigação, Kevin Loria aponta para factos históricos passados para comprovar esta teoria.
Ele menciona um episódio em 1800, quando o académico William Gladstone, que mais tarde viria a ser o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, notou que, na Odisseia, Homero descreve o oceano como "cor-de-vinho escuro" e outros tons estranhos, mas nunca usa a palavra azul.
Alguns anos mais tarde, um filólogo chamado Lázaro Geiger decidiu dar seguimento a esta descoberta e analisou textos antigos islandeses, hindus, chineses, árabes e hebreus, não tendo também encontrado nenhuma menção à palavra azul.
E, quando se pensa realmente acerca disso, por que realmente precisamos da cor azul? Além do céu, não há realmente muita coisa na natureza que seja inerentemente azul vibrante. Na verdade, a primeira sociedade a arranjar uma palavra para a cor azul foram os egípcios, a única cultura que conseguia produzir corantes azuis.
A partir de então, parece que a consciência da cor se espalhou por todo o mundo moderno. Mas só porque não havia nenhuma palavra para o azul, isso significa que os nossos antepassados não podiam vê-lo? Vários estudos foram feitos para tentar resolver isso, sendo um dos mais convincentes o conduzido por Jules Davidoff, um psicólogo de Goldsmiths University of London.
Davidoff trabalhou com a tribo Himba, da Namíbia, em cuja linguagem não há nenhuma palavra que distinga o azul, nem nenhuma que diferencie o verde e o azul. Para testar se isso significava que eles não podiam realmente ver o azul, mostrou-lhes um círculo com 11 quadrados verdes e um incrivelmente óbvio quadrado azul.
Bem, pelo menos óbvio para nós, como você pode ver na imagem abaixo. Mas a tribo Himba teve sérias dificuldades em dizer a Davidoff qual dos quadrados tinha uma cor diferente da dos outros. Aqueles que o fizeram simplesmente arriscaram num palpite sobre qual dos quadrado era diferente, tendo poucas vezes acertado.
Mas, curiosamente, os Himba têm muitas mais palavras para verde do que nós. Então, para reverter a experiência, Davidoff mostrou aos falantes de inglês a mesma experiência: Um círculo com 11 quadrados de um tom verde e um quadrado ímpar de uma tonalidade diferente. Como você pode ver abaixo, é muito difícil para nós distinguir qual o quadrado diferente.
A tribo Himba, por outro lado, poderia detectar facilmente o quadrado diferente de forma totalmente imediata. Outro estudo realizado por cientistas do MIT em 2007, mostrou que os falantes nativos de russo, que não têm uma única palavra para o azul, mas uma palavra para azul claro (goluboy) e azul escuro (Siniy), podem discriminar entre tons claros e escuros de azul muito mais rapidamente do que quem fala inglês.
Isso tudo sugere que, até que tenham criado uma palavra para descrever a cor, é provável que os nossos antepassados não conseguissem ver o azul. Ou, mais precisamente, eles provavelmente viam-no como vemos agora, mas nunca realmente prestaram atenção nela. [Sciencealert]