Dois planetas do tamanho da Terra podem estar escondidos nas margens geladas do Sistema Solar, para lá de Netuno e Plutão, afirmam astrônomos.
Aparentemente estão apenas a aguardar serem encontrados pelos cientistas. Tal descoberta foi feita graças a uma nova análise de objetos trans-netunianos extremos.
Uma equipe de astrônomos da Universidade Complutense de Madrid, em Espanha, e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, estudaram as órbitas de 13 desses objetos, incluindo o planeta anão Sedna, e descobriram que eles não movem como seria esperado.
Algo parece estar alterando as suas órbitas, relatam os pesquisadores, referindo-se a esse "algo" como podendo ser um par de planetas escondidos pelo menos do tamanho da Terra, se não maiores.
"Esse excesso de objetos com parâmetros orbitais inesperados faz-nos acreditar que algumas forças invisíveis estão alterando a distribuição dos elementos orbitais e consideramos que a explicação mais provável a de que outros planetas desconhecidos existem além de Netuno e Plutão", disse Carlos de la Fuente Marcos, o principal investigador na pesquisa.
"O número exato é incerto, uma vez que os dados que temos é limitado, mas os nossos cálculos sugerem que existem pelo menos dois planetas, e provavelmente mais, dentro dos limites de nosso Sistema Solar", acrescentou.
Os pesquisadores estimaram que, se esses planetas existirem, estarão localizado a 200 unidades astronômicas de distância da Terra, que é 200 vezes a distância entre a Terra e o Sol (uma unidade astronômica é a distância entre os dois).
A perspectiva de mais dois planetas no nosso Sistema Solar é muito emocionante, mas há problemas com a proposta. Em primeiro lugar, a equipe observou que a existência desses planetas contradiz modelos atuais sobre a formação do Sistema Solar.
Tais modelos só funcionam se não houver planetas que se movem em órbitas circulares mais longe do Sol do que Netuno. Mas uma descoberta recente apoia a possibilidade de que os planetas poderiam realmente formar-se a grandes distâncias da sua estrela.
No ano passado, os cientistas que usam o telescópio ALMA, no Chile, encontraram um disco de formação planetária a mais de 100 unidades astronômicas de uma estrela chamada HL Tauri. Esta estrela é mais jovem do que o nosso Sol, mas mais densa.
A presença confirmada de um disco de formação planetária a cerca de 100 unidades astronômicas de distância aponta para a possibilidade de que os planetas também se possam formar em até 200 unidades astronômicas de distância da sua estrela.
Para o futuro, os pesquisadores irão tentar provar que estes dois planetas realmente existem. Eles estão muito longe de poderem ser vistos com a tecnologia atual, sendo que a pesquisa se resumirá a estudar e encontrar evidências da sua influência sobre o que sabemos existir nas bordas do nosso Sistema Solar. [Sciencealert]