Conheça 5 fatos que explicam o ataque ao Charlie Hebdo, desde a imigração até ao número do desemprego, passando pelo presidente impopular.
Os números da imigração, os números do desemprego e um presidente impopular forneceram o contexto para um ataque terrorista.
O ataque de ontem ao jornal Charlie Hebdo chocou a França e o mundo, mas as tensões com a população imigrante muçulmana do país têm vindo a aumentar.
Parece que os ataques foram motivados pela raiva entre militantes muçulmanos relativa ao jornal ter publicado cartoons a zombar do profeta Maomé.
Não há nenhuma tendência política ou demográfica que possa explicar um assassinato desse nível, mas as estatísticas abaixo contam uma história perturbadora sobre como esse crime vai exacerbar as tensões já elevadas em França e em toda a Europa.
1. Máximos históricos para a migração
O crescente sentimento anti-imigração na França surge a partir de níveis históricos de migração. Existem hoje mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo deslocadas pela violência, o número mais alto desde a Segunda Guerra Mundial.
Tudo isso fez com que 270 mil pessoas tentaram entrar ilegalmente na Europa só no ano passado, quebrando o recorde anterior de 141 mil em 2011, o ano da Primavera Árabe. Em 2014, mais de 3.000 imigrantes morreram nas suas tentativas de chegar à Europa.
2. Realidades econômicas dolorosas... e equívocos
O desemprego dos jovens na França é superior a 24% promovendo realidades econômicas dolorosas. A pessoa média na França acredita que 31% da população é muçulmana mas, na realidade, o número é de 7,7%. No entanto, mesmo este número de população muçulmana ainda é o maior da Europa.
3. Anti-imigração chega às massas
A aprovação da Frente Nacional de Marine Le Pen, um partido anti-imigração e anti-UE, tem aumentado constantemente. Em 2010, 18% da França disse concordar com as idéias do partido. Esse número tem crescido a cada ano desde então, atingindo um máximo histórico de 34%. Nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio, a Frente Nacional ficou em primeiro lugar com 25% dos votos.
4. Baixa aprovação histórica de um presidente francês
Os índices de aprovação do presidente François Hollande caíram tão baixo quanto 12%, a mais baixa contagem de sempre para um presidente francês. (De acordo com os números mais recentes, eles já "recuperou" para 15%).
O presidente François Hollande comprometeu-se a demitir-se e a não procurar a reeleição em 2017 se ele não poder travar o desemprego. Atualmente em 11%, a taxa de desemprego é quase maior do que os seus índices de aprovação.
5. Passaportes - e a falta deles
Desde agosto de 2013, a França passou a ter o terceiro mais longo tempo de espera na Europa para imigrantes que procuram naturalização: uma média de 14 anos. De acordo com funcionários de contraterrorismo dos EUA, há mais de 3.000 recrutas ISIS acreditados para ter passaportes ocidentais. [Time]