Um dos icónicos anéis de Saturno parece muito diferente hoje do que era há algumas décadas atrás e os cientistas não sabem ao certo por quê.
A sonda Voyager, da NASA, viu muitas aglomerações brilhantes no anel F de Saturno quando voou pelo gigante gasoso no início de 1980.
Mas as observações feitas pela sonda Cassini da agência espacial entre 2004 e 2010 revelam relativamente poucas aglomerações brilhantes, relata um novo estudo.
"O anel F de Saturno parece fundamentalmente diferente da época da Voyager para a era Cassini", disse o principal autor do estudo, Robert French, do SETI Institute, nos EUA. "Ele tornou-se um mistério irresistível para nós investigarmos".
French e a sua equipa têm uma hipótese que poderia explicar o que está a acontecer, e a explicação está vinculada ao número de "luas" de Saturno encontradas perto do anel F ao longo das últimas décadas.
Os pesquisadores acreditam que esses pequenos satélites, que têm menos de 5 km de largura, criam as aglomerações brilhantes quando lavram nas partes mais densas do anel F. Portanto, a queda de pedaços brilhantes podem indicar uma grande diminuição no número de luas.
Mas por que as luas eram mais comuns na era Voyager que na era Cassini? Pode ter a ver com alinhamentos periódicas da lua de Saturno Prometeu e o anel F, disseram os pesquisadores. Tanto o anel F como Prometeu ficam perto do limite de Roche de Saturno - a distância orbital no qual a poderosa gravidade do gigante gasoso rasga pequenos objetos.
A equipa de pesquisa pensa que este alinhamento periódico pode levar à geração de muitas luas, o que, por sua vez, produz muitas aglomerações brilhantes misteriosas no anel F. Estes grupos iriam desaparecer com o tempo, porque as colisões com material do anel acabariam por destruir as luas.
Um tal alinhamento de Prometeu e do anel F ocorreu em 1975 - poucos anos antes da Voyager passar por Saturno. Se a sua teoria estiver correta, a Cassini pode muito bem ver um ressurgimento das aglomerações brilhantes em breve, com o efeito do alinhamento de 2009 a começar a manifestar-se.
A presença contínua da Cassini em Saturno dá uma oportunidade interessante para testar essa previsão e poder-se-á aprender algo valioso sobre como os anéis, planetas e luas, se formam e evoluem, acreditam os pesquisadores. O novo estudo foi publicado em julho na revista Icarus. [Space]