Uma das descobertas astrofísicas mais emocionantes dos últimos tempos pode ser uma miragem.
Em março, uma equipa de cientistas anunciou ter encontrado evidências de ondas gravitacionais primordiais.
Tal facto validou a hipótese de ondulações no espaço-tempo, cuja existência sugere que o universo de fato se expandiu várias vezes mais rápido que a velocidade da luz nos primeiros instantes após o Big bang, como postulado pela teoria da inflação cósmica.
Mas alguns pesquisadores externos rapidamente levantaram questões sobre a descoberta. O suposto sinal de ondas gravitacionais, afirmam os céticos, pode realmente ser um contaminante, o resultado de poeira e gás dentro da nossa própria Via Láctea.
A equipa de pesquisa viu um padrão de polarização conhecida como "modos B" na radiação cósmica de fundo em microondas (RCFM), a luz antiga que restou do Big Bang que criou o universo há 13,8 bilhões de anos atrás.
A ampla aceitação da suposta descoberta provavelmente só ocorrerá se outros instrumentos o encontrem. Uma nova equipa seguiu o resultado, analisando dados da mesma região do céu numa variedade de frequências e a notícia não é muito boa, relata um novo estudo.
"Infelizmente, de acordo com a nossa análise, o efeito de contaminantes e, em particular, de gases presentes na nossa galáxia não pode ser descartado", disse Carlo Baccigalupi da Escola Internacional de Estudos Avançados em Trieste, Itália, e co-autor da pesquisa.
No entanto, o novo estudo não descarta a possibilidade de que a equipa anterior realmente viu a assinatura de ondas gravitacionais primordiais. Na verdade, os cientistas da nova equipa estão trabalhando com a equipe da descoberta para ver se este pode ser o caso.
O novo estudo será publicado na próxima segunda-feira 29 de setembro na revista Astronomy & Astrophysics. Até lá, e se tiver curiosidade, pode ler uma pré-impressão dele aqui: http://arxiv.org/abs/1409.5738 [Space]