Como a personalidade aumenta o risco de abuso de drogas

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Como a personalidade aumenta o risco de abuso de drogas
Pessoas com certos traços de personalidade podem estar em maior risco de terem problemas associados ao consumo de drogas.

Estudar a personalidade pode ajudar os pesquisadores a melhor entender e tratar esses problemas, sugere uma nova pesquisa.

Muitos estudos tentaram associar genes à condição que os pesquisadores chama de perturbação de uso de substâncias, mas falharam na generalidade, apesar da condição poder estar presente em familias, afirma Sergi Ferré, cientista do National Institute on Drug Abuse, nos EUA.

Tal pode dever-se ao facto da associação entre genes e uso de substâncias não ser direta e os traços de personalidade podem servir como ponte entre ambos, afirma Ferré. [Como a personalidade afeta a saúde]

Os traços de personalidade já foram anteriormente associados ao risco de perturbação de uso de substâncias, assim como com certos circuitos no cérebro. [Traços e tipos de personalidade: o que é a personalidade?]

Assim que os pesquisadores entenderem, a partir de uma perspectiva cerebral, por que as pessoas desenvolvem problemas de uso de drogas, poderão ser capazes de desenvolver tratamentos para as drogas que revertam esses efeitos, afirmam os pesquisadores.

Personalidades de risco


Por exemplo, pessoas com personalidades introvertidas, e que tendem a ter baixos sentimentos positivos, ou que se sentem atraídos a recompensas na vida, são mais prováveis de consumir abusivamente drogas, de acordo com a nova pesquisa.

Em contraste, as pessoas extrovertidas que têm mais emoções positivas são menos prováveis de consumir abusivamente drogas, afirma o estudo recentemente publicado na revista científica Trends in Cognitive Sciences.

Uma razão para isto pode ser o facto das pessoas com mais emoções positivas e extrovertidas serem mais sensíveis a todo o tipo de recompensas - sejam a partir de situações sociais, vencer um jogo, obter uma promoção - e essas outras recompensas "competem" com os sentimentos positivos que podem advir do consumo das drogas, afirma Ferré.

Por outro lado, pessoas com baixa emocionalidade e extroversão têm menos interesse em outras recompensas, e são mais facilmente puxados pelo efeito das drogas, acrescentou Ferré.

Um segundo traço de personalidade associado ao abuso de substâncias é a baixa emocionalidade e neuroticismo, ou a tendência para experienciar sentimentos negativos, tais como ansiedade e humor depressivo e responder pobremente aos stressores.

Pessoas com perturbação de consumo de substâncias e outras perturbações mentais, geralemente têm elevados níveis de traços de personalidade. "Uma pessoa que é muito sensível à punição descobre nas drogas algo que lhe permite escapar", disse Ferré.

Por fim, baixos níveis de um traço conhecido como constrangimento, que diz respeito à capacidade para parar um comportamento ou ação iniciada também aparecem associados com um aumento do risco de consumo abusivo de substâncias. 

No entanto, os pesquisadores enfatizam que a forma como as pessoas abusam das drogas depende de diversos fatores e não tem a ver apenas e somente com os seus genes e personalidade. O ambiente e o consumo passado também são importantes.

Melhores tratamentos


Diversos circuitos cerebrais foram associados com traços de personalidade que as pessoas que desenvolvem problemas de drogas tendem a ter. Por exemplo, pessoas com baixos níveis de emoções positivas têm menos receptores do químico cerebral dopamina, que está associado com sentimentos de recompensa e prazer.

Além disso, pessoas com menos receptores de dopamina são menos sensíveis aos efeitos dos químicos, o que pode explicar a tendência dos usuários de drogas em terem pouco interesse em outras recompensas além das drogas.

Algumas pessoas podem nascer com menos receptores de dopamina do que outras, mas o consumo de drogas pode também reduzir o seu número, possivelmente afetando a personalidade e tornando as pessoas menos extrovertidas, assim como aumentando o seu risco de consumir drogas.

Uma melhor compreensão dos circuitos cerebrais associados com estes traços de personalidade de risco, assim como dos genes que controlam os circuitos cerebrais, pode levar a novos tratamentos para quem consome drogas. [Livescience]

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