Astrónomos descobriram provavelmente o primeiro irmão do sol, uma estrela que nasceu da mesma nuvem de gás e poeira do nosso Sol. [NASA detecta buraco de forma quadrada no Sol (com vídeo)]
Encontrar mais irmãos solares pode ajudar a lançar luz sobre como o sistema solar passou a abrigar vida, afirmaram pesquisadores, acrescentando que a vida pode até existir nos planetas orbitando essas estrelas irmãs.
As estrelas normalmente nascem ao lado de muitos irmãos dentro de nuvens gigantes de gás e poeira conhecidas como berçários estelares. O sol nasceu provavelmente num cluster contendo entre 1.000 e 10.000 estrelas. [Quão quente é o Sol?]
Inicialmente as estrelas irmãs permanecem próximas umas das outras, como é o caso da constelação conhecida como Plêiades ou Sete Irmãs, que é dominada por estrelas quentes e brilhantes que se formaram dentro dos últimos 100 milhões de anos.
O aglomerado estelar do nosso Sol nasceu e rompeu há muito tempo, com os seus irmãos agora espalhados pela Via Láctea. Os pesquisadores descobriram uma estrela chamada HD 162826, localizada a 110 anos-luz de distância na constelação de Hércules, perto de estrela Vega.
Encontrar irmãos solares
Para reconhecer irmãos solares, os pesquisadores precisam de detectar pelo menos duas características de identificação: composições químicas semelhantes e órbitas que sugerem que eles podem compartilhar o mesmo local de nascimento do sol.
A equipa de pesquisa analisou a composição química de 30 possíveis irmãos solares previamente identificados por vários grupos ao redor do mundo. Os cientistas podem detectar quais os elementos que possui uma estrela olhando para a sua luz.
Essa luz tem uma grande variedade de comprimentos de onda, sendo que os comprimentos de onda da luz que um elemento desprende pode agir como uma impressão digital, que revela a identidade do material em questão.
As composições químicas do Sol e dos seus irmãos são semelhantes porque o berçário estelar em que se formaram estava contaminado por material emitido por estrelas próximas, e potencialmente por restos de explosões estelares conhecidas como supernovas.
"A relação entre abundância de alguns elementos químicos são partes fundamentais desta impressão digital química - como bário e ítrio, por exemplo", disse o principal autor do estudo Ivan Ramirez, astrofísico da Universidade do Texas.
Depois dos cientistas analisarem a química dessas estrelas, ficaram com dois potenciais candidatos. Em seguida, eles modelaram as órbitas destas estrelas em torno do centro da Via Láctea. Eles descobriram que um desses candidatos, HD 162826, pode ter compartilhado o berçário estelar onde o Sol nasceu há cerca de 4,6 bilhões de anos.
Apesar de HD 162826 ser um irmão do sol, não é um gémeo solar. Pelo contrário, esta estrela tem 15 por cento mais massa que o sol. Os cientistas começaram a observar HD 162826 há mais de 15 anos.
Pesquisas anteriores haviam verificado que não existem planetas gigantes a orbitar essa mesma estrela. No entanto, ela pode possuir mundos rochosos de dimensão menor, como a Terra, Marte ou Vénus.
Agora que Ramirez e seus colegas criaram um roteiro para se identificar irmãos solares, sugerem que muitos mais podem ser descobertos com a ajuda da missão Gaia da Agência Espacial Europeia, lançada em dezembro.
Gaia vai usar uma câmera de um bilhão de pixels para examinar mais de 1 bilhão de estrelas da Via Láctea ao longo dos próximos cinco anos, no valor de cerca de 1 por cento das estrelas na galáxia. Usando Gaia, o número de potenciais irmãos solares irá aumentar por um fator de 10.000.
Pesquisando por vida
Esta reunião de família cósmica vai ajudar os astrónomos a entender onde e como o sol se formou. Este fato, pode fornecer boas informações sobre como o sistema solar se tornou hospitaleiro para a vida tal como a conhecemos.
"Ao fixar o local do nascimento do sol - por exemplo, se é perto do centro da galáxia ou mais longe - iremos saber como era o ambiente do sistema solar quando se formou e, potencialmente, se isso teve quaisquer implicações na origem da vida", disse Ramirez.
Além disso, há uma chance, apesar de pequena, de que os irmãos solares possam hospedar mundos com vida. Os cientistas detalharam as suas descobertas na edição de 1 de Junho da revista científica Astrophysical Journal. [Space]