O primeiro relato de uma bactéria cujo genoma contém DNA artificial abre a porta aos organismos sob medida que podem ser usados para produzir novos medicamentos e outros produtos.
Todos os seres vivos têm um alfabeto no DNA de apenas quatro letras, que codificam instruções para as proteínas que realizam a maior parte do trabalho dentro das células.
Mas a expansão desse alfabeto de forma a incluir letras artificiais pode dar aos organismos a capacidade de produzir novas proteínas nunca antes vistas na natureza.
O DNA feito pelo homem pode ser usado para tudo, desde a fabricação de novos medicamentos e vacinas até à pesquisa forense, dizem os pesquisadores.
Alfabeto DNA
O campo da biologia sintética envolve mexer com o DNA para criar organismos capazes de novas funções no campo da medicina, energia e outras áreas.
O alfabeto de ADN é constituída por quatro letras, ou bases: adenina, timina, guanina e citosina (A, T, G e C). Adenina junta-se com a timina e a guanina junta-se com a citosina.
O RNA é um material genético semelhante ao ADN, excepto na medida em que tem uma espinha dorsal química diferente e substitui a base timina com o uracilo (U).
Os seres vivos traduzem o DNA em proteínas através de uma série de etapas. Em primeiro lugar, as enzimas "transcrevem" o DNA em RNA. Em seguida, os ribossomas traduzem o RNA em proteínas, que são constituídas por cadeias de moléculas chamadas aminoácidos.
Em última análise, os pesquisadores pretendem criar organismos que possam produzir proteínas artificiais. Mas em primeiro lugar, eles precisam de mostrar que o DNA contendo letras sintéticas podem ser transcritos em RNA, e que este pode ser traduzido em proteínas.
No novo estudo, os pesquisadores criaram um novo par de bases DNA não encontrados na natureza e inseriram o par em células de Escherichia coli. Obter o DNA nas células não é fácil, mas os pesquisadores foram capazes de fazê-lo por meio de um transportador, uma proteína que move materiais através das membranas celulares.
Dentro das células, o DNA feito pelo homem uniu-se dentro de um plasmídeo, um pedaço circular de DNA encontrada em bactérias. Os plasmídeos replicaram-se, sem rejeitar o DNA estranho ou que afetar o crescimento das células, relataram os pesquisadores.
Agora que os cientistas demonstraram que um organismo pode incorporar letras de DNA artificial no seu genoma, a etapa seguinte será verificar se ele pode converter o DNA em proteínas novas, que poderiam ser utilizadas para a produção de medicamentos melhores. [Livescience]