Um jovem no Brasil, que sofria de dores de cabeça latejantes e tinha problemas de visão há 10 anos acabou por apresentar acúmulos pétreos de cálcio no cérebro.
As pedras eram provavelmente uma complicação rara da doença celíaca do homem, uma condição digestiva que o homem não sabia que tinha, de acordo com um novo relatório do seu caso.
Por causa das suas dores de cabeça recorrentes e problemas de visão, o homem havia sido tratado para a enxaqueca, mas não obteve melhorias.
Quando os médicos fizeram uma tomografia computadorizada, eles encontraram manchas de calcificação na parte de trás do cérebro do homem, nas áreas que lidam com a visão. [7 condições médicas bizarras]
Os testes de laboratório mostraram que, embora o fluido que circula no cérebro do homem seja normal, tinha níveis mais elevados de anticorpos ligados à doença celíaca, de acordo com o relatório publicado ontem (16 de Abril), no New England Journal of Medicine.
A doença celíaca é uma doença auto-imune em que o corpo reage ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, cevada, centeio e alimentos feitos com esses grãos. Esta reacção provoca a inflamação que danifica a mucosa do intestino delgado e impede que o corpo absorva nutrientes.
A maioria dos sinais da doença celíaca são relacionados ao trato gastrointestinal, e incluem dor de estômago, constipação e diarréia. Outros sinais incluem deficiência de ferro, erupções cutâneas, dores de cabeça e fadiga. [Doença celíaca: Sintomas e Tratamento]
No entanto, nem todo o mundo que tem a doença celíaca apresenta todos esses sintomas, e os pesquisadores estimam que as complicações neurológicas aconteçam em entre 6 a 10 por cento dos pacientes com a doença celíaca, segundo estudos anteriores.
Neste caso, os testes de sangue mostraram que o paciente tinha uma leve deficiência de ferro, e uma análise mais aprofundada dos seus intestinos confirmou que ele tinha a doença celíaca. Ele foi então tratado através de uma dieta livre de glúten. [O que é o glúten?]
De igual forma, também tomou suplementos de ferro, assim como fármacos utilizados no tratamento da epilepsia de forma a tratar os seus distúrbios visuais. Em função desta estratégia, a sua condição melhorou, de acordo com o relatório.
Não está claro como exatamente a doença celíaca leva à calcificação no cérebro, mas sugere-se que a capacidade reduzida para absorver ferro possa ter um papel importante, disseram os pesquisadores.
É raro alguém ter uma combinação de doença celíaca, convulsões e calcificação cerebral, mas tal condição tem sido relatada num pequeno número de pacientes. Calcificação cerebral similar tem sido vista em pacientes com outros problemas relacionados com a deficiência de ferro. [Livescience]