A procura pelos 239 passageiros e tripulantes do voo 370 da Malaysia Airlines, que desapareceram algures na costa do sudeste da Ásia, no dia 8 de março, continua.
Detalhes sobre o curso do Boeing 777 e do seu eventual desaparecimento estão lentamente em desenvolvimento, mas autoridades e militares de vários países juntaram-se a voluntários numa busca para encontrar o avião.
Supondo que o avião tenha caído sobre o oceano, quanto tempo os sobreviventes poderiam continuar a viver no oceano?
A primeira preocupação quando se sofre um acidente em mar aberto, é, naturalmente, sobreviver à própria queda do avião. Surpreendentemente, as chances de sobrevivência são muitas. Mais de 95% dos passageiros de aviões envolvidos neste tipo de acidente sobrevive.
Especialistas apontam que vários fatores podem contribuir e aumentar as chances de sobrevivência em situações como essas, tais como o uso de sapatos e roupas apropriadas. Estudos têm revelado que as pessoas sentadas atrás da asa possuem 40% mais chances de sobreviver do que os passageiros da frente do avião.
Os assentos do corredor, perto de uma saída de emergência, estão entre os mais seguros. Os primeiros 90 segundos após um acidente são os mais importantes – se você conseguir manter a calma e mover-se para fora do avião rapidamente, as chances de sobreviver são muito maiores.
Alguns passageiros ficam em tal estado de pânico que não conseguem sequer desatar o cinto de segurança. Muitas vítimas de acidentes são encontradas nos seus lugares com os cintos de segurança ainda fechados.
Qualquer acidente de avião no oceano apresenta circunstâncias especiais, e todos os sobreviventes terão de confrontar o mar, seja num bote salva-vidas mesmo em contacto com a água. Um bote salva-vidas aumenta as probabilidades de sobrevivência de uma pessoa uma vez que são menos propensos à fadiga e ataques de tubarão.
No mesmo sentido, os botes salva-vidas são frequentemente equipados com kits de primeiros socorros, água potável, foguetes, entre outros apetrechos que podem ajudar a sobreviver. No entanto, não se sabe se o voo 370 da Malaysian Airlines tinha botes salva-vidas.
Mesmo as pessoas que têm a sorte de possuir um bote salva-vidas, enfrentam grandes problemas, como a desidratação. O corpo humano precisa de água para sobreviver, e poucas pessoas conseguem sobreviver mais que uma semana sem ela.
Temperatura, humidade e outros fatores podem aumentar ou diminuir seu tempo de resistência sem água. Em janeiro, José Salvador Alvarenga escapou de uma situação semelhante. O homem contou às autoridades que conseguiu sobreviver ao beber sangue de tartaruga e águas pluviais, além de se alimentar com peixes e aves que capturava com as próprias mãos.
Alvarenga também afirmou ter bebido a sua própria urina quando não havia mais nada disponível, mas isso pode não ser uma boa ideia, uma vez que as pessoas ingerem novamente sais que os seus rins estão a tentar eliminar.
Na água, uma pessoa sem colete salva-vidas ou algum outro tipo de dispositivo de flutuação fica cansado numa questão de horas, especialmente em água fria. Os tubarões também são uma ameaça, apesar do fato dos ataques de tubarões não serem tão comuns como muitos pensam.
Uma preocupação mais relevante e que pode realmente pôr em causa a vida dos sobreviventes é a hipotermia, uma condição mortal que pode ocorrer até mesmo em águas com uma temperatura de 16ºC. [Conheça os efeitos bizarros da hipotermia]
As temperaturas da água superficial no Golfo da Tailândia – região onde o avião terá deixado de funcionar – são de cerca de 27ºC, o que aumenta as chances de sobrevivência de qualquer pessoa. Entretanto, pode levar dias para se encontrar o avião, ou qualquer sobrevivente.
Em 2009, quando um voo da Air France caiu no Oceano Atlântico, levaram cinco dias a localizar os destroços do avião, e dois anos para recuperar as caixas-pretas. Todos os 229 passageiros e tripulantes do voo morreram. [LiveScience]