Pode parecer uma questão bastante fundamental, mas ainda há debate sobre se os vírus devem ser considerados uma forma de vida.
A diversidade de infecções virais é imensa. Os vírus causam tudo, desde o resfriado comum (rinovírus) até ao Ebola e verrugas (papilomavírus), passando pelo HIV/AIDS, gripe e varíola.
Muitos vírus podem causar câncer: o vírus da hepatite B é uma causa conhecida de câncer de fígado, e alguns tipos de papilomavírus humano causam câncer cervical.
Embora os vírus apresentem algumas das características dos organismos vivos - eles têm genes, evoluem por seleção natural e criam cópias de si mesmos - a maioria dos biólogos argumenta que eles não estão vivos porque não se podem reproduzir por si mesmos.
Essencialmente, os vírus são trechos de código genético que sequestram a mecânica de células vivas para se replicar, escapar da cela e espalhar-se. Até mesmo o seu revestimento, que muitos vírus têm para proteger os seus conteúdos, é derivado das células dos seus hospedeiros.
Alguns vírus que causam doenças humanas podem ser impedidos o fazer, com diferentes graus de sucesso, por meio de vacinas. A origem da palavra vacina veio do latim "vaca" e é oriunda da observação de Edward Jenner de que as leiteiras pareciam ser imunes à varíola.
Daí veio a ideia de que a infecção com um vírus intimamente relacionado, mas menos perigoso, poderia proteger contra a doença grave.
Posteriormente, descobriu-se que os vírus inactivos, tais como aqueles nas vacinas contra a raiva e poliomielite, ou partes de vírus, tais como da hepatite B e da gripe, são capazes de estimular o sistema imunitário a lembrar-se da ameaça e proteger contra a infecção numa subsequente exposição.
As melhores vacinas resultaram na erradicação de doenças, como a varíola e a peste bovina. Esperemos que, no futuro próximo, a poliomielite e o sarampo também se tornem doenças do passado.
Comparados com os antibióticos para tratamento da infecção bacteriana, que foram desenvolvidos na década de 1940, os tratamentos anti-virais são um desenvolvimento muito mais recente. A maioria dos medicamentos antiviral tenta bloquear um ou mais pontos no ciclo de replicação viral.
Muitos medicamentos antivirais são utilizados no tratamento de HIV e herpes simplex (que causa a herpes labial), bloqueando o mecanismo de replicação em si.
Outros medicamentos antivirais interferem com o mecanismo que o vírus usa para entrar nas células hospedeiras (como da gripe), enquanto outros estimulam o sistema imunológico para procurar e destruir células infectadas (tais como hepatite C).
Os seres humanos (ou pelo menos os médicos) têm uma visão muito antropocêntrica do mundo, mas o vírus pode infectar todos os organismos vivos, inclusive bactérias (bacteriófagos). E eles parecem estar em toda parte.
J. Craig Venter, o biólogo e empresário que foi um dos primeiros a sequenciar o genoma humano (curiosamente, o seu próprio), deu uma volta ao mundo no seu iate e foi recolhendo água do mar à medida que andava. Quando a sua equipa examinou as amostras, descobriu uma incrível diversidade de novos vírus, com cerca de 10 milhões de cópias do vírus por mililitro de água.
A recente descoberta de novos vírus muito grandes também borrou os limites entre o que constitui e não constitui vida. Em 2003, o Mimivírus foi encontrado dentro de uma ameba numa torre de resfriamento, na Inglaterra.
Foi nomeado o "micróbio imitando vírus", como era visível num microscópio e tinha um genoma que rivalizava com pequenas bactérias. O atual maior recordista vírus é o Pandoravirus, encontrado numa lagoa em Melbourne. O seu genoma aproxima-se da complexidade de um pequeno parasita. [Descobertos os maiores vírus de sempre]
Estas descobertas recentes têm solicitado uma reconsideração da natureza e da qualificação da vida. [Livescience]