Primeiros animais da Terra quase não precisavam de oxigénio

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Primeiros animais da Terra quase não precisavam de oxigénio
Há uma teoria de longa data que diz que os oceanos ricos em oxigénio eram um requisito fundamental para a vida complexa aparecer na Terra.

Mas um novo estudo envolvendo esponjas do mar desafia essa noção, mostrando que os animais primitivos podem ter sido capazes de sobreviver quase sem oxigénio.

Os primeiros micróbios apareceram na Terra há cerca de 3,6 bilhões de anos, mas até surgir a vida multicelular complexa ainda passaram mais três bilhões de anos. Este período passou também a ser o momento em que os níveis de oxigénio na atmosfera subiram para concentrações na casa dos 20%.

Tendo em conta estes dados, muitos cientistas concluíram que os animais precisavam de níveis mais elevados para sobreviver, prosperar e evoluir. Mas um novo estudo realizado por Daniel Mills, da Universidade do Sul da Dinamarca, sugere que este pode não ser o caso.

Ao estudar modernas esponjas do mar, Mills desafiou a hipótese vigente ao mesmo tempo que reforçou o surgimento de uma outra. As esponjas do mar estão entre os animais mais antigos do planeta. Elas são multicelulares e crescem a partir de um embrião.

De igual forma, elas também tem estruturas fisiológicas complexas, incluindo uma rede de canais que ajudam a tirar comida e água através dos seus corpos. Com base em evidências paleontológicas, as esponjas do mar são modernas não muito distantes dos seus irmãos mais antigos.

Para o estudo, Mills capturou esponjas (Halichondria panicea) a partir de um fiorde oxigenado na Dinamarca. Então, depois de colocá-los num aquário, a sua equipa removeu lentamente o oxigénio. Notavelmente, as esponjas foram capazes de sobreviver mesmo com 200 vezes menos oxigénio do que é encontrado atualmente na nossa atmosfera.

Estas esponjas viviam com apenas 0,5% do oxigénio disponível hoje. Então, como o oxigénio compõe cerca de 20% da nossa atmosfera, o estudo revelou que as esponjas antigas precisavam de concentrações de oxigênio de apenas 0,1%.

Isso levou os pesquisadores a concluir que os animais primitivos provavelmente não requeriam muito oxigénio. Consequentemente, os níveis deste gás podem não ter sido o fator limitante que atrasou o surgimento da vida animal.

Então, se não foi o oxigénio em si que estagnou a evolução da vida complexa, o que terá sido? Surpreendentemente, essa nova teoria reforça a ideia de que as esponjas do mar podem ter desempenhado um papel crucial no que viria a seguir.

Os primeiros oceanos podem ter sido pobres em oxigénio porque estavam cheios de matéria microbiana morta, que suga o oxigénio à medida que se decompõe. Mas as esponjas, que se alimentam de matéria morta, podem ter limpado a água, permitindo o aumento dos níveis de oxigénio. [io9]

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