Os mundos alienígenas conhecidos como super-Terras podem ser mais parecidos com o nosso planeta do que se pensava anteriormente, sugere um novo estudo.
Super-Terras – exoplanetas rochosos um pouco maiores do que a Terra – são comuns por toda a Via Láctea, mas por causa de sua enorme gravidade, os cientistas assumiram que esses mundos deviam ser aquáticos.
No entanto, segundo um novo modelo, as super-Terras tectonicamente ativas provavelmente armazenam a maioria da sua água no manto, deixando expostos os continentes e oceanos que poderiam criar um clima estável, como o da Terra.
“O clima temperado da Terra não se deve apenas à água líquida, mas deve-se também aos continentes expostos”, afirma Nicolas Cowan, da Universidade Northwestern. As temperaturas da superfície dos continentes atuam como uma espécie de termostato geológico, estabilizando o clima.
Uma super-Terra com o dobro do raio da Terra teria 10 vezes a massa e 10 vezes a quantidade de água do nosso planeta. A gravidade do planeta seria três vezes maior que a da Terra, esmagando a topografia do planeta por um fator de três e criando bacias oceânicas superficiais.
Dada a presença de tanta água num lugar raso demais para contê-la deverá fazer com que os oceanos de uma super-Terra transbordem e inundassem o exoplaneta.
No entanto, na Terra, uma grande quantidade de água é armazenada no manto, a camada que compõe a maior parte do volume e massa do planeta – e move-se entre os oceanos e o manto através da atividade tectônica controlada pela gravidade. A pressão do fundo do mar, determinada pela força da gravidade, controla este processo.
Cowan e colegas modelaram o armazenamento de água em super-Terras, tendo descoberto que a gravidade mais pesado criaria enorme pressão no fundo do mar, forçando a água para o manto do planeta. "Podemos colocar 80 vezes mais água numa super-Terra e ainda ter um visual de superfície semelhante ao da Terra", afirmou Cowan.
Como resultado, esses planetas devem ter massas de terra que estabilizam o clima, em vez de estarem submersas em oceanos. Se estes planetas, que são relativamente comuns na galáxia, tiverem de fato climas estáveis, a capacidade deles sustentarem a vida tal como a conhecemos seria maior do que se pensava anteriormente.
É claro que a gravidade de tais mundos será muito maior – talvez três vezes maior – mas Cowan não acredita que isso exclua a possibilidade de vida. [Space]