Viver até aos 500 anos poderá vir a ser uma possibilidade se o que funcionar para minhocas se aplicar aos seres humanos, sugere um novo estudo.
Especialistas modificaram duas vias genéticas da minúscula minhoca de laboratório Caenorhabditis elegans e aumentaram a vida útil da criatura por um fator de cinco.
“O que conseguimos foi aumentar em cinco vezes a expectativa de vida do animal”, disse o principal cientista do estudo Pankaj Kapahi, do Instituto Buck de Pesquisa do Envelhecimento, nos Estados Unidos.
“As duas mutações desencadearam um ciclo de feedback positivo em tecidos específicos que amplificaram a vida. Basicamente, estes vermes viveram o equivalente a um humano viver entre 400 e 500 anos.”
Enquanto a vida por centenas de anos possa ser uma tarefa difícil, a pesquisa levanta a possibilidade de tratamentos anti-envelhecimento com base em modificações genéticas, de acordo com o Kapahi.
"Em anos anteriores, os pesquisadores de cancro focavam-se em mutações de genes individuais, mas, posteriormente, tornou-se evidente que diferentes mutações numa classe de genes estavam a dirigir o processo da doença", disse ele. "A mesma coisa está a acontecer provavelmente no envelhecimento", acrescentou.
C. elegans, o primeiro animal a ter o seu código genético totalmente mapeado, tem sido largamente utilizado em estudos sobre o envelhecimento e longevidade. A nova pesquisa, publicada na revista Cell Reports, envolveu bloquear as moléculas-chave que afetam a ação da insulina e uma via de sinalização de nutrientes chamada alvo da rapamicina (TOR).
Mutações únicas na via TOR eram conhecidas por prolongar a vida útil de C. elegans em 30%, enquanto as mutações de sinalização de insulina poderiam dobrar a quantidade de tempo de vida dos animais.
Somando os dois, era de se esperar que a longevidade fosse estendida em 130%, mas o impacto combinado acabou por ser muito maior. A pesquisa pode explicar porque tem sido tão difícil identificar genes únicos responsáveis pelas longas vidas de centenários humanos.
"É bastante provável que as interações entre genes sejam fundamentais para essas pessoas viverem uma vida muito longa e saudável", disse Kapahi. Futuras pesquisas deverão usar ratos para ver se os mesmos efeitos ocorrem em mamíferos. [News.com.au]