De acordo com um estudo, os planetas alienígenas habitáveis semelhantes à Terra podem não ser tão raros no universo quanto se pensava.
Cerca de uma em cada cinco estrelas como o sol observadas pela sonda Kepler, da NASA, tem um planeta do tamanho da Terra na chamada zona habitável, onde a água líquida – e, potencialmente, a vida – pode existir.
Se estes resultados se aplicarem a partes da galáxia, o tal planeta mais próximo poderia estar a apenas 12 anos-luz de distância. “Os seres humanos têm observado as estrelas durante milhares de anos”, disse o pesquisador Erik Petigura, estudante de pós-graduação da Universidade da Califórnia, nos EUA.
“Quantas dessas estrelas têm planetas que são de alguma forma parecidos com a Terra? Estamos muito animados hoje para começar a responder a essa pergunta”, acrescentou o pesquisador norte-americano.
A descoberta, detalhada ontem (4 de novembro) na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, não diz nada sobre se esses planetas realmente suportam a vida – afirma apenas que contêm alguns dos critérios conhecidos para a habitabilidade.
Ontem também foi anunciada a descoberta de 833 candidatos a planetas, incluindo 104 habitáveis. “Eu acho que é, de longe, a estimativa mais confiável disponível, mas eu não acho que é a final,” disse François Fressin, astrónomo do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, que não esteve envolvido no estudo.
Para encontrar esses exoplanetas do tamanho da Terra, Petigura e seus colegas usaram medições do brilho estelar para procurar variações de brilho na estrela, o que indica a presença de um planeta. Os cientistas desenvolveram um software para peneirar um conjunto gigantescos de dados do Kepler.
O campo de visão da sonda inclui cerca de 150.000 estrelas, mas a maioria destas são brilhantes demais para se detectar um planeta. A equipa examinou 42 mil estrelas “tranquilas”, encontrando 603 candidatos a planetas em torno destas estrelas, dos quais 10 eram do tamanho da Terra e estavam na zona habitável.
A equipa definiu os planetas como tendo o tamanho da Terra se apresentassem um raio de uma a duas vezes o do nosso planeta. De igual forma, os planetas foram considerados na zona habitável se recebiam cerca de tanta luz quanto a Terra recebe do Sol.
Na pesquisa, os cientistas usaram o telescópio Keck I, no Havaí, para verificar os espectros das estrelas, a fim de definir o raio dos planetas. Os pesquisadores foram rápidos em apontar que o fato de que esses planetas são do tamanho da Terra e se encontram na zona habitável não significa que eles podem suportar a vida.
De facto, mesmo que os planetas tenham todos os ingredientes básicos para a vida, os cientistas não podem ainda calcular as chances da vida existir nesses planetas, pois muitos outros fatores devem ser levados em consideração.
Por outro lado, para Fressin, a definição de planetas do tamanho da Terra neste estudo foi bastante ampla. Por exemplo, um planeta que tem um raio duas vezes o tamanho da Terra pode até não ser rochosa, afirmou o cientista.
Na passada semana, pesquisadores relataram a descoberta do planeta Kepler-78b, um mundo rochoso que possui quase o mesmo tamanho e densidade da Terra, mas que está perto demais da sua estrela para ser habitável, com uma temperatura superficial de mais de 2.000 graus Celsius. [Space]