Mas uma nova pesquisa constatou que a partir do momento em que nascem, os bebés estão bem conscientes dos seus próprios corpos.
A consciência do corpo é uma habilidade importante para distinguir o próprio dos outros, e a incapacidade em desenvolver a consciência corporal pode ser um componente importante em algumas doenças como o autismo.
Mas pouca pesquisa foi feita para descobrir quando os seres humanos começam a compreender que o seu corpo é o seu próprio corpo. Para determinar a consciência que os bebés têm dos seus corpos, os pesquisadores usaram um método usado em estudos em adultos.
Numa ilusão famosa, as pessoas podem estar convencida de que uma mão de borracha é a sua própria, se a virem ser tocada enquanto a sua própria mão, escondida da vista, é simultaneamente tocada.
Esses estudos mostram que as informações de vários sentidos - visão e tato, neste caso - são importantes para a consciência corporal, afirma Maria Laura Filippetti, estudante de doutoramento da Universidade de Londres. Para saber se o mesmo é verdade para os bebés, Filippetti e os seus colegas testaram 40 recém-nascidos com idades entre 12 horas e quatro dias de idade.
Os bebés sentavam-se no colo do experimentador e em frente a uma tela. Na tela, um vídeo mostrava o rosto de um bebé a ser tocado por um pincel. O pesquisador ou tocava o rosto do bebé em conjunto com toque mostrado na tela, ou atrasava o toque por cinco segundos.
Em seguida, os bebés viram o mesmo vídeo, mas virado de cabeça para baixo. Mais uma vez, o pesquisador tocou o rosto dos bebés em conjunto a imagem de cabeça para baixo ou com um atraso de três segundos.
Para determinar se os bebês foram associavam o toque facial que viam na tela com os seus próprios corpos, como na ilusão da mão de borracha, os pesquisadores mediram o tempo que os bebés olhavam para a tela em cada condição.
O tempo de atenção é a medida padrão utilizada na pesquisa infantil, porque os bebés não podem responder a perguntas ou indicar verbalmente o seu interesse. Os pesquisadores descobriram que os bebés olhavam mais tempo para a tela quando o toque se combinava com o que sentiam nos seus próprios rostos.
De igual forma, isso só aconteceu nas imagens com a orientação correta, não se tendo verificado nas imagens rodadas na tela, sendo que nesses estímulos as crianças não pareciam associar os rostos com o seu.
Os resultados sugerem que os bebés nascem com os mecanismos básicos de que precisam para construir a consciência corporal, relatou Filippetti e os seus colegas a 21 de novembro na revista Current Biology.
"Estes resultados têm implicações importantes para a nossa compreensão da percepção do corpo ao longo do desenvolvimento", disse Filippetti. Talvez mais importante, acrescentou, permitem uma visão mais bem informada sobre o desenvolvimento normal, que pode ajudar os cientistas a entender melhor o autismo e os transtornos relacionados.
A pesquisa do autismo concentra-se frequentemente em anormalidades no desenvolvimento social, afirma Filippetti, mas pouco se sabe sobre como as crianças com autismo se percebem a si mesmas. Futuramente, Filippetti e os seus colegas esperam usar a imagiologia cerebral não invasiva para determinar como o cérebro do recém-nascido responde à entrada sensorial para construir a consciência corporal.
A pesquisa do autismo concentra-se frequentemente em anormalidades no desenvolvimento social, afirma Filippetti, mas pouco se sabe sobre como as crianças com autismo se percebem a si mesmas. Futuramente, Filippetti e os seus colegas esperam usar a imagiologia cerebral não invasiva para determinar como o cérebro do recém-nascido responde à entrada sensorial para construir a consciência corporal.