Os Neandertais e os Denisovans não andam na Terra há tempos, mas os seus vírus continuam a viver dentro dos nossos corpos.
Os geneticistas que descobriram estes vírus antigos não têm certeza se eles são maus para nós, mas poderiam tornar-nos mais susceptíveis a certos tipos de cancro.
Os retrovírus são uma classe especial de vírus que são compostos por ARN em vez de ADN. Eles produzem uma enzima chamada transcriptase reversa, que lhes permitem reconstituir o seu ARN em ADN depois de entrar numa célula.
Então, eles hospedam-se no interior do ADN cromossómico de células hospedeiras onde estão expressas. O HIV é um excelente exemplo de retrovírus. Mas há também retrovírus endógenos (ERVs) – vírus que são transmitidos de geração para geração.
De facto, cerca de 8% do nosso ADN é composto por esses vírus, e eles formam parte dos 90% do nosso ADN sem função conhecida – o chamado “ADN lixo”, que não codifica proteínas. No entanto, às vezes, dois vírus “lixo” podem combinar-se para causar doenças retrovirais.
Os ERVs são mais conhecidos por causarem cancros em ratos imunossuprimidos, quando ativados por uma bactéria, por exemplo. O novo estudo foi implementado por os geneticistas da Universidade de Plymouth e da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Os pesquisadores encontraram vários ERVs depois de comparar dados genéticos de fósseis de Neandertais e Denisovans (um antigo grupo de hominídeos que partilham uma origem comum com os Neandertais) com dados genómicos de pacientes modernos com cancro.
Depois de olhar para os dados dos pacientes com cancro, os pesquisadores Robert Belshaw e Gikkas Magiorkinis descobriram que eles continham 7 das sequências virais encontradas em Neandertais e Denisovans.
Estes antigos vírus pertencem à família HML2, o que significa que eles podem ter ligações com o cancro e o HIV. E isso é um problema em potencial. A fase seguinte é determinar se estes vírus antigos afetam o risco de desenvolvimento de doenças como cancro, e como se podem difundir na população humana em geral.
Pode não significar nada, mas uma coisa é clara: estes vírus, que se originaram nos nossos ancestrais comuns há mais de meio milhão de anos, ainda explicam uma grande parte da nossa constituição genética. [io9]