Um anel de poeira a circundar o sol na órbita de Vénus foi confirmado por um trio de pesquisadores da Open University e da University of Central Lancashire, no Reino Unido.
No seu artigo, publicado na revista Science, a equipa descreveu como usou os dados das sondas gémeas STEREO, da NASA, para confirmar a existência do anel de poeira.
Os cientistas sabem, há muitos anos, que existe uma nuvem de poeira que vai desde a cintura de asteróides até ao Sol. É a chamada nuvem zodiacal e é feita de poeira interplanetária. Ao longo das últimas décadas, os cientistas perceberam que parte da poeira pode ser puxada para dentro da órbita de um planeta pela gravidade.
A Terra viaja ao redor do Sol através de um anel que foi descoberto há cerca de 20 anos - era até então a única estrutura conhecida no nosso sistema solar. Alguns anos antes, sondas soviéticas sugeriram que tal anel também existia no caminho de Vénus.
Infelizmente, as evidências dessas sondas não eram fortes o suficiente para realmente provar que o anel existia. Neste novo estudo, os pesquisadores criaram um modelo de como eles acreditavam que seria um anel de poeira na órbita de Vénus.
Em seguida, eles compararam com os dados de um par de sondas da NASA que permitem a visualização estereoscópica de porções do espaço. Isso os ajudou a encontrar o que estavam à procura – evidências do anel de poeira de Vénus.
Os pesquisadores descobriram que o anel de poeira de Vénus tem duas partes. Enquanto uma fica fora da órbita do planeta, a outra fica dentro. Encontrar anéis de poeira nas órbitas de outros planetas não é fácil, já que eles são muito grandes e relativamente próximos.
A nuvem de poeira na órbita de Vénus, por exemplo, tem um diâmetro de 220 milhões de quilómetros. Outro problema é que as partículas de pó individuais não persistem no anel por muito tempo – como parte da nuvem zodiacal, elas estão em constante e lento movimento em direção ao sol.
Tal facto significa que o anel de poeira é constantemente reabastecido com novas partículas. Os pesquisadores dizem que a vida útil da poeira que compõe o anel é de aproximadamente 100 mil anos.
Como são jovens do ponto de vista cósmico, não oferecem pistas a respeito da formação do sistema solar. No entanto, elas podem ser úteis para os cientistas compreenderem o que acontece com a poeira formada a partir de colisões de asteróides e cometas. [Phys.org]