Pessoas que sofrem de depressão podem envelhecer mais rapidamente do que as outras pessoas, sugere um novo estudo na Holanda.
No estudo, os pesquisadores mediram o comprimento de estruturas celulares chamadas telómeros a cerca de 1.900 pessoas que tiveram transtorno depressivo major em algum momento durante as suas vidas, juntamente com 500 pessoas que não tinham tido depressão
Os telómeros são as "tampas" no final dos cromossomas que protegem o ADN durante a divisão celular. Normalmente, estas estruturas celulares encurtam ligeiramente de cada vez que a célula se divide e o seu comprimento é considerado um índice de envelhecimento celular.
Os pesquisadores descobriram que os telómeros eram menores em pessoas que tiveram depressão, em comparação com as pessoas no grupo de controle. Isto sugere que o envelhecimento celular em pessoas com depressão é acelerado em vários anos, disseram os pesquisadores.
A gravidade da depressão de uma pessoa, bem como uma maior duração dos sintomas pareceu estar relacionado com um menor comprimento dos telómeros, sendo que os resultados se mantiveram após se controlarem outros fatores que poderiam contribuir para um envelhecimento precose, como peso, fumar, beber.
O estudo, publicado ontem (12 de novembro) na revista Molecular Psychiatry, sugere que as descobertas podem ajudar a explicar a variedade de problemas de saúde, muitas vezes vividos por pessoas com depressão. Tal é a crença de Josine Verhoeven, autora do estudo e pesquisadora da Universidade Livre de Amsterdão, na Holanda.
Estudos anteriores têm demonstrado que pessoas com depressão têm um risco aumentado para desenvolverem doenças que tendem a surgir com o envelhecimento, como por exemplo demência, cancro e diabetes tipo 2, mesmo quando fatores de saúde e estilo de vida são levados em conta.
No presente estudo, os pesquisadores mostraram uma associação, mas não uma relação de causa e efeito entre a depressão e os telómeros mais curtos. É possível que algum outro fator, como uma vulnerabilidade genética, esteja subjacente a ambos, acreditam os pesquisadores.
Também é possível que o encurtamento dos telómeros seja uma consequência da deficiência no sistema de stress do corpo. "Uma importante questão que permanece é se este processo de envelhecimento pode ser revertido", disseram os pesquisadores no estudo.
Uma enzima chamada telomerase alonga telómeros por adição de nucleótidos à extremidade dos cromossomas, e é possível que as alterações do estilo de vida possam aumentar a actividade da telomerase, prolongando assim os telómeros, acredita Verhoeven.
"Um estilo de vida saudável, com exercício físico suficiente, não fumar e uma dieta saudável, pode ser de uma importância ainda maior em indivíduos deprimidos do que nos não-deprimidos", conclui a pesquisadora. [Livescience]