Reino antigo descoberto sob monte no Iraque

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Reino antigo descoberto sob monte no Iraque


Na região do Curdistão, norte do Iraque, arqueólogos descobriram uma cidade antiga chamada Idu, escondida debaixo de um monte.

Inscrições cuneiformes e obras de arte revelam os palácios que floresceram na cidade durante toda a sua história há milhares de anos atrás.

Localizado num vale, na margem norte do rio Zab inferior, restos da cidade são agora parte de um montículo criado pela ocupação humana, que se eleva cerca 10 metros acima da planície circundante. 

Os primeiros vestígios remontam ao período neolítico, quando a agricultura apareceu pela primeira vez no Oriente Médio, e uma vila moderna chamada Satu Qala encontra-se agora no topo. A cidade prosperou há entre 3.300 e 2.900 anos, afirma Cinzia Pappi, arqueólogo da Universität Leipzig, na Alemanha. 

No começo deste período, a cidade estava sob o controlo do Império Sírio e foi usada para administrar o território circundante. Mais tarde, quando o Império caiu, a cidade ganhou a sua independência e tornou-se o centro de um reino, que durou cerca de 140 anos, até que os assírios o reconquistaram.

Os pesquisadores foram capazes de determinar o antigo nome do local quando, durante um levantamento da área em 2008, um morador trouxe uma inscrição com o nome antigo da cidade gravado. As escavações foram realizadas em 2010 e 2011, e a equipa relatou as suas descobertas na edição mais recente da revista Anatolica.

Reino antigo descoberto sob monte no Iraque


"Muito poucas escavações arqueológicas foram realizadas no Curdistão iraquiano antes de 2008", disse Pappi ao LiveScience. Conflitos no Iraque nas últimos três décadas têm tornado difícil o trabalho no local. Além disso, os arqueólogos tendem a favorecer as escavações no sul do Iraque, em lugares como Uruk e Ur.

Os efeitos da recente história são evidentes no monte. Em 1987, as forças de Saddam Hussein atacaram e queimaram parcialmente a vila moderna como parte de uma campanha mais ampla contra os curdos, e "vestígios deste ataque ainda são visíveis", afirma Pappi. A arte e as inscrições cuneiformes que a equipe descobriu proporcionam vislumbres de palácios extravagantes da antiga cidade.

Quando Idu era uma cidade independente, um dos seus governantes, Ba'ilanu, foi longe para se gabar de que o seu palácio era melhor do que qualquer um de seus antecessores. "O palácio que ele construiu era maior do que o dos seus pais", afirmou na inscrição traduzida. (Seu pai, Abbi-Zeri, não fez tal ostentação).

Duas obras de arte decoravam os palácios no momento em que Idu era independente. Uma obra de arte, uma esfinge barbuda com a cabeça de um macho humano e o corpo de um leão alado, foi elaborada num tijolo de vidro que os investigadores encontraram em quatro fragmentos. Acima e abaixo da esfinge, uma inscrição sobrevive lê-se, "Palácio de Ba'auri, rei da terra do Idu, filho de Edima, também rei da terra de Idu".

Outro trabalho que foi criado para o mesmo governante, e com a mesma inscrição da esfinge, mostra um "cavalo a caminhar coroado com uma cabeçada semicircular e liderada por um cabresto com um homem barbado usando um curto vestido de franjas", escreveu Pappi e a Arne Wossink no artigo.

Outro artefato intrigante, que pode ter feito parte de um palácio, é um selo do cilindro que remonta a cerca de 2.600 anos. Quando foi enrolado num pedaço de argila, teria revelado cenas míticas vivas. 

A cena teria mostrado um homem empunhando um arco, agachando-se diante de um grifo, bem como a estrela da manhã (um símbolo da deusa Ishtar), um crescente lunar (símbolo do deus da lua) e um disco solar, simbolizando o deus do sol. Um símbolo chamado de um losango, que representava a fertilidade, também foi demonstrado.

Antes de realizar mais escavações, os pesquisadores precisam de aprovação por parte do governo local e das pessoas da aldeia. Embora de momento não seja possível escavar, os artefatos encontrados já foram analisados recentemente e mais publicações do trabalho da equipa irá aparecer no futuro. Os arqueólogos também planeiam fazer um levantamento da área circundante para ter uma noção do tamanho do reino de Idu.

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