Vida encontrada em lago submerso da Antártida

Pesquisadores descobriram sinais de vida na lama tirada do fundo de um lago coberto de gelo na Antártida. Estudar micróbios em tais ambientes extremos pode ajudar os cientistas a entender como a vida pode prosperar nos mais severos lugares da Terra e potencialmente em outros planetas.

Cientistas do British Antarctic Survey e de outras instituições perfuraram através da camada de gelo para desenterrar amostras de sedimentos limpos a partir do fundo do lago Hodgson, que está sobre a Península Antártica a 93 metros de profundidade.

Hoje, o lago tem uma fina cobertura de apenas 3 a 4 mt de gelo, mas há milhares de anos, estava enterrado sob mais de 500 mt de gelo. Os sedimentos que os cientistas estudaram foram depositados quando o lago estava selado sob o gelo grosso.

"É a primeira vez que os sedimentos do lago subglacial são estudados", disse autor do estudo, David Pearce, que está agora na Universidade de Northumbria. E nessa amostra de sedimento , os investigadores encontraram uma cápsula do tempo de vida, que remonta há quase cem mil anos.

Na revista científica Diversity, Pearce e seus colegas relataram que cresceram 20 culturas de micróbios encontrados na camada superior do núcleo do sedimento, provando que há extremófilos viáveis​​, ou a vida que prospera em ambientes extremos, actualmente a viver no lago Hodgson. 

Eles também descobriram fragmentos fossilizados de ADN a partir de diversos tipos de micróbios que parecem ter-se adaptado ao extremo da Antártida ao longo das eras. 

Compreender como os micróbios e outras formas de vida estão prosperando em lugares frios, escuros, isolados e pobres em nutrientes sob o gelo grosso do continente congelado pode ajudar os pesquisadores a saber mais sobre as origens da vida na Terra e as possibilidades de vida em outros mundos, como em Europa, a lua gelada de Júpiter. 

Várias equipes estão correndo para obter amostras puras de quase 380 lagos subglaciais da Antártida. Os cientistas descobriram recentemente indícios de que bactérias vivem no Lago Whillans, que está enterrado 800 mt abaixo da camada de gelo da Antártida Ocidental. 

Cientistas russos estão actualmente a analisar amostras de água coletadas no início de 2013 do Lago Vostok, que está enterrado sob mais de 3 quilómetros de gelo da Antártida e não tinha sido tocados durante cerca de 14 milhões de anos.

"O que seria realmente surpreendente seria se olhássemos para lugares e eles estivessem completamente estéreis", disse Pearce em entrevista ao LiveScience. Mas a diversidade das formas de vida no Lago Hodgson ainda foi surpreendente.

Quase um quarto das sequências genéticas identificadas no estudo não combinam com qualquer sequência conhecida, disseram os pesquisadores, sugerindo que uma diversidade de formas de vida nunca antes vistas podem esconder-se debaixo dos lagos da Antártida.

É necessária mais investigação, mas os pesquisadores dizem que muitas das espécies neste ecossistema isolado provavelmente são novas para a ciência. Com a continuação da investigação, os cientistas poderão começar a construir uma imagem do que limita a vida em condições extremas e, em seguida, começar a pensar sobre o que pode limitar a vida em outros planetas.