A capacidade dos seres humanos criarem arte, pensarem racionalmente ou inventarem novas ferramentas tem interessado os cientistas desde longa data e um novo estudo revela como o cérebro consegue essas façanhas imaginativas.
A imaginação humana decorre de uma ampla rede de áreas do cérebro que manipulam coletivamente ideias, imagens e símbolos, constata o estudo. Este "trabalho mental", havia sido teorizado antes, mas este estudo fornece novas evidências empíricas, dizem os pesquisadores.
A criatividade na arte, ciência, música e outras áreas requer a capacidade de combinar diferentes representações mentais para formar novas. Por exemplo, se uma pessoa é convidada a imaginar uma banana a girar rapidamente e a ficar maior ou menor, ele pode fazê-lo sem esforço, disse o pesquisador Alex Schlegel, neurocientista cognitivo no Dartmouth College, em Hanover.
"Quando você começa a olhar para o processo cognitivo mais complexo como a imaginação ou o pensamento criativo, não são apenas áreas isoladas do cérebro que são responsáveis, mas a comunicação de todo o cérebro é necessária", disse Schlegel em entrevista ao LiveScience.
No estudo, os pesquisadores concentraram-se em formas visuais de imaginação. Schlegel e seus colegas pediram aos participantes para imaginar certas formas, e às vezes manipulá-las através da sua combinação com outras formas ou mentalmente quebrar as formas de forma a separá-las.
Eles colocaram as pessoas num scanner de ressonância magnética (MRI) para medir a atividade cerebral durante a tarefa. Os exames mostraram que uma ampla rede de áreas cerebrais estavam envolvidas na tarefa de imaginação, e pareciam estar trabalhando em conjunto.
Em particular, a manipulação das imagens envolveu uma rede de quatro áreas do cérebro fundamentais - o córtex occipital, o córtex parietal posterior, o precuneus posterior e o córtex pré-frontal dorsolateral - que estão envolvidos em funções de processamento, atenção e funções executivas visuais.
Além disso, várias outras regiões do cérebro estavam ativas durante a tarefa, sugerindo que a área de trabalho mental do cérebro envolve uma rede mais alargada. Estudos anteriores sugeriram que áreas de processamento visual do cérebro também estão envolvidas na criação de imagens.
Mas o novo estudo analisou não apenas como o cérebro forma imagens, mas também como ele as modifica. A experiência de imaginação era pouco realista em comparação com tarefas criativas na vida quotidiana.
A compreensão da imaginação revela o que torna os seres humanos únicos entre os animais, disse Schlegel. As descobertas podem ajudar a melhorar a inteligência artificial. Os computadores são bons num monte de coisas, mas são menos hábeis em ver padrões ou pensar criativamente.
"Quanto mais nós entendermos como o cérebro humano faz isso, melhor podemos projetar máquinas para fazerem o mesmo", disse Schlegel. O estudo foi detalhado esta semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.