A humanidade alcançou um marco neste século: A evolução técnica pode causar danos catastróficos ao planeta, ou pode salvar a humanidade dos seus problemas. O futuro da civilização pode ser uma distopia de ecossistemas arruinados com máquinas malévolas, ou um paraíso da vida eterna e da cultura intergaláctica.
Num simpósio sobre a longevidade da civilização humana na Library of Congress, nos EUA, vários dos principais estudiosos e futuristas previram o que os próximos séculos podem trazer. Aqui estão cinco das mais interessantes visões da ficção científica acerca do futuro da humanidade e da Terra.
1. Catástrofe climática
Não é nenhuma surpresa que o aumento dos níveis de dióxido de carbono já representem uma grande ameaça para o clima da Terra. A menos que os seres humanos descubram uma maneira de limitar drasticamente a sua pegada de carbono, o planeta continuará a aquecer e as condições meteorológicas extremas tornar-se-ão mais frequentes.
Neste contexto, muitas das espécies e comunidades humanas serão eliminadas, afirma Ken Caldeira, cientista atmosférico do Departamento de Ecologia Global, do Instituto Carnegie para a Ciência. Os seres humanos podem formar um relacionamento saudável e estável com a biosfera?"A resposta é não", disse Ken Caldeira.
Os seres humanos evoluíram como caçadores-coletores, sensíveis às necessidades de si e sua família e amigos, disse Caldeira. Mas agora , os seres humanos criaram um mundo dominado pela tecnologia, ao invés de natureza, onde os problemas se estendem a uma escala global. Se não forem tomadas medidas drásticas para frear a mudança climática global, nós não sabemos o efeito que isso pode ter sobre a civilização humana, conclui Caldeira.
2. Mundo biónico
A biologia entrou numa espécie de renascimento, desde o sequenciamento do genoma humano até ao desenvolvimento de tratamentos médicos que salvam vidas. O mundo já viu corações mecânicos, próteses de membros e órgãos artificiais, assim como tecnologias que prometem restaurar a saúde humana e aumentar drasticamente a expectativa de vida. Mas, como essas tecnologias se tornam mais democratizadas, o mau uso virá à tona.
A maior ameaça que os indivíduos enfrentam é o biohacking, diz Seth Shostak, astrónomo sénior do Search of Extra Terrestrial Intelligence Institute (SETI). Tal biohacking inclui tudo, desde mexer com o genoma de um vírus para torná-lo mortal, até à inserção de informações diretamente no cérebro através de um implante.
Talvez os humanos ainda vejam a desenvolver um "implante de ética", disse Jacob Haqq-Misra, climatologista planetário do Blue Marble Space Institute of Science. Tal implante poderia garantir que as pessoas vissem olhos nos olhos os problemas que a civilização enfrenta.
3. Inteligência Artificial
Os cientistas estão apaixonadamente divididos sobre a questão de saber se os seres humanos irão desenvolver computadores que são inteligentes, ou "máquinas pensantes". Será que HAL de "2001: Odisseia no Espaço" se tornará uma realidade?
O autor de ficção científica Kim Stanley Robinson não pensa assim. "Uma coisa que nunca vou entender é o cérebro humano", disse Robinson, autor da conhecida trilogia "Mars". Os cientistas só podem estudar o cérebro indirectamente através da medição do fluxo sanguíneo e da electrofisiologia, que não se aproxima do pensamento humano.
Sem a compreensão da consciência, como poderia o ser humano criar uma máquina capaz disso? Shostak discorda. Os seres humanos não precisam entender os detalhes de como os pássaros voam para desenvolver aviões, disse ele. Então, por que eles deveriam precisa entender o cérebro, a fim de desenvolver computadores inteligentes? E , "uma vez que você tem máquinas que podem pensar, você pode pedir que eles desenvolvam a próxima máquina", disse Shostak.
Levado ao extremo, algumas pessoas acreditam que máquinas inteligentes poderia levar a uma "singularidade", um termo popularizado pelo inventor e futurista Ray Kurzweil para descrever o ponto em que os computadores ultrapassam as capacidades do cérebro humano. Kurzweil prevê que isso vai acontecer em 2045, mas Robinson e outros são céticos. Muitas pessoas vivas hoje viverão para descobrir, disse Shostak.
4. Humanos espaciais
Em 1969, o homem pousou na lua. Há algumas décadas , a humanidade pode estar em Marte. E, talvez, algum dia, o Homo Sapiens irá percorrer a galáxia como a tripulação da nave estelar Enterprise. No simpósio, a discussão variou sobre se colonizar o sistema solar poderia salvar a humanidade da destruição na Terra.
"Um dos objetivos da exploração espacial deve ser para colocar alguns de nós fora do planeta de modo a que não tenhamos que começar do zero se um grande evento acontecer na Terra", disse Steven Dick, astrónomo, escritor e historiador da ciência. Se um grande asteróide atingir a Terra, a humanidade poderia ser dizimado amanhã, disse Dick.
No entanto, enquanto a tecnologia para levar os seres humanos ao espaço já existe, as pessoas ainda dependem fortemente de uma Terra - com o seu ambiente. Viajar para o espaço não vacina a humanidade contra catástrofes na Terra, disse Robinson, e outros oradores concordaram. Mas pode servir para dar às pessoas uma perspectiva sobre a fragilidade do "pálido ponto azul" no qual a humanidade vive.
5. ETs contactam-nos
Poucas coisas teriam um impacto tão grande sobre a humanidade como descobrir vida em outros lugares do universo. Pela primeira vez na história, a humanidade está pronta para procurar vida em outros planetas. Por necessidade , a humanidade vai estar a olhar para a vida que se assemelha à sua própria.
A missão Kepler da NASA identificou com sucesso centenas de planetas orbitando a uma distância habitável as suas estrelas. E o Instituto SETI está ouvindo sinais de rádio que podem significar a existência de civilizações tecnológicas além da nossa. Alguns céticos argumentam que, se houvesse vida, os seres humanos já a teriam encontrado.
Mas uma série de razões podem explicar a sua ausência. Talvez as civilizações que desenvolveram a tecnologia para colonizar outros planetas já se tenham aniquilado. Ou talvez eles sejam muito mais inteligentes e ocultam-se dos seres humanos.
Seja qual for a verdade, se a vida existe fora da Terra , as implicações para a civilização humana seriam enormes. "Só o saber que eles estão lá fora, seria filosoficamente importante", disse Shostak.
