Comer peixe durante a gravidez não influencia risco de autismo

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Comer peixe durante a gravidez não influencia risco de autismo

As crianças que estão expostas no útero a baixos níveis de mercúrio, como acontece ao comer peixe durante a gravidez, não têm um risco aumentado de desenvolver comportamentos autistas, sugere um novo estudo.

Os pesquisadores debruçaram-se durante mais de 30 anos em pesquisa na República das Seychelles, uma nação insular no Oceano Índico, onde os moradores consomem, em média, 10 vezes mais peixes do que as pessoas nos EUA e na Europa. 

Nas pesquisas, não foi encontrada nenhuma correlação entre a exposição pré-natal a mercúrio e o aparecimento de comportamentos do espectro autista, que incluem dificuldades com as habilidades de fala, linguagem e sociais.

O estudo incluiu crianças cujas mães comeram até 12 refeições de peixe por semana, em média, durante a gravidez, disse o autor Edwin van Wijngaarden, professor associado do departamento de ciências da saúde pública na Universidade de Rochester, em Nova Iorque.

"Estes resultados contribuem para o crescente corpo de literatura que sugerem que a exposição ao produto químico não desempenha um papel importante no aparecimento destes comportamentos", disse van Wijngaarden em comunicado.

O mercúrio no ambiente é proveniente de fontes naturais, como vulcões. De igual forma, pode ser obtido a partir de fontes artificiais, como ao queimar carvão. Muito do mercúrio do mundo está eventualmente depositados nos oceanos, onde o produto químico entra na cadeia alimentar dos peixes.

Os peixes são ricos em nutrientes, como a vitamina E e ácidos ómega-3, que ajudam ao desenvolvimento saudável do cérebro e, geralmente, têm baixos níveis de mercúrio. No entanto, estudos têm demonstrado que a exposição a níveis elevados de mercúrio está ligada a problemas de desenvolvimento, de modo que a exposição das mulheres grávidas é uma preocupação. 

O organismo de alimentação e fármacos dos EUA, a Food and Drug Administration, recomenda atualmente às mulheres grávidas que limitem o consumo de peixe, mas os efeitos da exposição de baixo nível de mercúrio permanece desconhecida, disseram os pesquisadores.

O estudo, que faz parte de um projeto em andamento chamado de Seychelles Child Development Study, envolveu 1784 crianças e adultos jovens, bem como as suas mães. Os cientistas usaram amostras de cabelo coletadas de mães na mesma altura do nascimento do seu filho para determinarem o nível de exposição ao mercúrio pré-natal.

Dois questionários, um preenchido pelos pais e um pelos professores das crianças, foram usados para determinar se os participantes do estudo estavam a exibir comportamentos do tipo do espectro do autismo.

"Embora a quantidade de peixe consumida nas Seychelles seja significativamente maior do que noutros países do mundo industrializado, ele ainda é considerado um baixo nível de exposição", disse Philip Davidson, investigador principal do estudo e professor emérito da Universidade de Rochester.

"Este estudo não mostra nenhuma associação consistente entre o comportamento autista nas crianças e os níveis de mercúrio pré-natal das mães, que eram de seis a 10 vezes maiores do que aqueles encontrados nos EUA e na Europa", disse Davidson. "Esta é uma população específica, e se tal não se verifica cá, provavelmente não existe". Os resultados detalhados foram publicados online a 23 de julho na revista Epidemiology.

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