É frequente na ciência que as coisas sejam descobertas por acidente. Cientistas da Universidade de Yale, por pura sorte, descobriram a verdadeira causa da febre tifóide.
A febre tifóide é uma doença que remonta a antes da Grécia antiga e ainda provoca cerca de 200.000 mortes no mundo anualmente. Durante milénios, a causa da febre tifóide tem permanecido um mistério.
Mas um artigo publicado na semana passada na revista Nature revelou a verdadeira causa da doença. "É a mais antiga doença reconhecível, que devastou Atenas e é creditada como o principal motivo pelo qual os espartanos venceram os atenienses na guerra", disse Jorge Galan, autor do estudo.
É sabido há algum tempo que a bactéria responsável pela doença é a Salmonella typhi, mas, apesar da longa história da humanidade com o micróbio, "nós realmente fomos apanhados de surpresa por pelo motivo porque ele é tão patogénico", disse Galan.
Uma das razões pelas quais a humanidade tem sido ignorante relativamente ao funcionamento de S. typhi é porque é uma doença um pouco negligenciada, sem muitos pesquisadores a trabalhar nela, afirmou o líder especialista em febre tifóide, o Dr. Zulfiqar Bhutta, da Universidade Aga Khan, no Paquistão.
A pesquisa de Galan revela agora como a S. typhi conseguiu manter a sua discrição por tanto tempo. A sua letalidade vem de uma estratégia nova de vida: ela não liberta a sua toxina até que esteja firmemente dentro de uma célula hospedeira de mamífero.
Normalmente, quando os microbiologistas procuram uma potencial toxina produzida por um microrganismo, fazem-no crescer num organismo em cultura e em seguida pesquisam um composto candidato dentro da mistura. Mas a S. typhi não produz uma toxina, a menos que você tenha permissão para entrar numa célula hospedeira, sendo indetetável aos métodos convencionais.
Uma vez dentro de uma célula hospedeira de mamífero, a bactéria tifóide começa a sintetizar a toxina, a qual é, então, embalada em recipientes de correio a ser desencadeada. "A toxina é despejada para fora da célula, onde a bactéria reside e entra no sistema de sangue para atingir o alvo", disse Galan.
Uma vez que Galan identificou o que ele pensava poder ser a toxina responsável pela febre tifóide, ele isolou-a e purificou-a. Em seguida infetou ratos com a toxina e descobriu que, efectivamente, resultam em sintomas de febre tifóide, excepto febre, que é uma resposta imunitária à presença da bactéria em vez da própria toxina.
