Como qualquer pai sabe, os bebés não nascem com medo das alturas. Na verdade, as crianças podem ser assustadoramente ousadas em torno da borda de uma cama.
Mas por volta dos 9 meses, os bebés tornam-se mais cautelosos em tais situações. Uma nova pesquisa sugere que crianças constroem o medo de alturas, assim que obtém mais experiência de rastreamento e navegam no mundo por conta própria.
Numa das suas experiências, um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia e da Universidade de Doshisha, em Kyoto, estudaram bebés que ainda não tinham começado a engatinhar.
Ao longo de 15 dias, algumas das crianças foram treinadas para usar um kart motorizado que eles podeiam controlar. Após esse período, os pesquisadores observaram como os bebés reagiram quando foram realizadas mais experiências numa borda coberta de vidro.
As crianças que tiveram experiência com o kart ficaram mais nervosas em torno deste penhasco virtual. Os seus batimentos cardíacos aceleraram, enquanto as taxas de coração dos bebés sem as aulas de condução mantiveram-se estáveis, descobriram os cientistas.
Os pesquisadores também testaram como esses bebés reagiram a um chamado quarto movimento, um recinto onde as paredes se movem para trás e a dão a sensação a quem está dentro que se está a mover para a frente. Os bebés que tinham aprendido a usar o kart ficaram mais afetados por essa ilusão.
Noutra parte da experiência, os pesquisadores testaram os bebés que já tinham começado a gatinhar. Os que estavam mais chateados com a sala móvel também foram os que apresentaram mais medo de rastejar sobre uma borda virtual coberta de vidro, mesmo com as mães a encorajarem-nos do outro lado.
Isto sugere que, quando as crianças ganham experiência locomotora (neste caso, rastejando ou navegar um kart), eles passaram a confiar mais na informação visual para ajudá-los a moverem-se apesar do ambiente. Os resultados também indicam que o medo de alturas não é uma mudança provável do desenvolvimento por si só, mas sim uma mudança que depende da experiência, dizem os pesquisadores.
A fuga das alturas tem uma vantagem óbvia: Ela previne as crianças de caírem e magoarem-se. Então, porque não aparece mais cedo? "Um dos principais benefícios desse atraso é que as crianças são mais propensas a explorar o ambiente e as possibilidades de movimento oferecidas por esse ambiente, quando estão menos preocupados com as consequências das suas ações", escrevem os pesquisadores na revista Psychological Science.
Isso ajuda-os a desenvolver estratégias de movimento e a aprender a navegar diferentes tipos de superfícies, dizem os cientistas. "Paradoxalmente, uma tendência a explorar situações de risco pode ser uma das forças motrizes por trás do desenvolvimento de competências", acrescentaram os pesquisadores.