As infecções bacterianas pode desempenhar um papel importante no desencadeamento do cancro do pâncreas, de acordo com estudos recentes.
Um número crescente de estudos atribui um papel às infecções, principalmente do estômago e gengivas no cancro do pâncreas. A doença é um cancro particularmente mortal. "O cancro do pâncreas é a pior forma de cancro que as pessoas podem ter", disse Wasif Saif, diretor do programa de oncologia gastrointestinal do Centro Médico Tufts, em Boston.
Embora o cancro do pâncreas seja extremamente fatal, os pesquisadores não sabem as suas principais causas. Os principais fatores de risco conhecidos representam menos de 40% de todos os casos. Fatores de risco conhecidos para a doença incluem tabagismo, obesidade, diabetes tipo 2, alcoolismo e pancreatite crónica, que é a inflamação do pâncreas.
"A principal conclusão desta pesquisa é a possibilidade da infecção bacteriana poder estar a levar ao cancro do pâncreas", disse Saif, que não esteve envolvido no estudo. As descobertas foram publicadas online a 10 de julho na revista Carcinogenesis, sendo da autoria de Dominique Michaud, professor de epidemiologia na Universidade de Brown.
De acordo com o estudo, duas infecções bacterianas em particular, têm sido fortemente ligadas ao cancro do pâncreas na literatura científica. Os dados sugerem que as pessoas que foram infectadas com o Helicobacter pylori, uma bactéria que está relacionada com cancro do estômago e úlceras pépticas, e Porphyrmomonas gingivalis, uma infecção envolvida na doença periodontal e má higiene dental, podem ser mais propensas a desenvolver cancro do pâncreas.
Várias teorias pretendem explicar porque essas infecções podem estar contribuindo para a progressão do cancro do pâncreas, disse Saif. Um é que as infecções causam inflamação no corpo. Um segundo mecanismo possível é que essas infecções bacterianas levam a alterações no sistema imunitário. Quando o sistema imunitário está enfraquecido ou alterados por infecção, ele não funciona bem para defender o organismo contra o cancro.
Além disso, fatores de risco para o cancro do pâncreas, como o tabagismo, obesidade e diabetes, podem ainda suprimir a resposta imunológica, abrindo a porta a infecções oportunistas, de acordo com o estudo. Outras teorias propostas no documento são que estas infecções bacterianas podem activar directamente vias tumorais pancreáticas de sinalização, tais como as que promovem o crescimento de novas células sanguíneas que alimentam um tumor.
Outra possibilidade ainda é que as infecções indirectamente activam vias de cancro do pâncreas, que desencadeiam uma resposta imune no ambiente circundante ao cancro, mas não no próprio tumor. A ideia de que algumas infecções bacterianas podem conduzir a certos tipos de cancro não é um conceito novo. Pesquisadores têm verificado essa conexão ao longo da última década, e têm visto evidências desta associação.
Cancros que se sabe estarem ligados a infecções incluem o cancro do fígado, que está ligado ao vírus da hepatite B e C, o cancro do colo do útero, que está estreitamente ligada ao vírus do papiloma humano (HPV), e cancro do nariz e da garganta superior, a qual está associada com o vírus de Epstein-Barr.
Uma melhor compreensão do papel das infecções bacterianas no cancro do pâncreas pode proporcionar novas oportunidades para a detecção e tratamento precoce, sugere o documento. De igual forma, os resultados abrem novas portas para a investigação no sentido de desenvolver novas terapias para tratar esse tipo de cancro.
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