Um médico disse em tribunal que Michael Jackson ficou sem dormir 60 dias antes da sua morte. O testemunho suscita questões sobre quanto tempo uma pessoa pode sobreviver sem adormecer, e se importa que tipo de sono uma pessoa tem quando dorme.
Jackson vinha recebendo infusões noturnas de propofol, um anestésico cirúrgico, durante dois meses para tratar a sua insónia, enquanto se preparava para uma série de shows de regresso.
Mesmo que a droga tenha feito Jackson sentir-se bem descansado, tê-lo-ia mandado para um sono bastante superficial todas as noites, afirma Charles Czeisler, cientista do sono em Harvard que testemunhou no julgamento contra o promotor de shows da estrela pop, de acordo com a CNN.
Czeisler teria dito ao tribunal que o propofol suprime o sono de movimento rápido dos olhos (REM). Se Jackson não tivesse morrido, principalmente devido a uma overdose do anestésico (e outro sedativo) a 25 de junho de 2009, a falta de sono REM podia tê-lo eventualmente matado, disse Czeisler.
Embora a privação do sono ao longo do tempo tenha sido associada à obesidade e doenças crónicas, como diabetes e cancro da mama, é difícil fixar os efeitos colaterais num aspecto específico do sono, e nem todos os cientistas concordam que o sono REM tenha poderes restauradores cruciais em si mesmo.
O sono REM é caracterizado pela atividade cerebral aumentada e é o estado em que os sonhos estão mais intensos. Pensa-se que esta fase tem origem na área da base do cérebro chamada ponte. Muitas vezes os danos a esta parte crítica do cérebro traduz-se em morte. No entanto, existem alguns casos de pessoas que sobreviveram a danos nesta região e estão vivendo uma vida normal, mas sem nunca voltar a experimentar sono REM, diz Siegel.
E se é verdade que a falta de sono REM pode matá-lo, então ninguém deve tomar inibidores da MAO e ISRS, classes comuns de antidepressivos, disse Siegel, esses medicamentos têm sido conhecidos por inibir o estado de sonho.
O caso Jackson vem sublinhar que os cientistas sabem pouco sobre a finalidade do sono, e muito menos sobre uma fase específica. Uma coisa que os investigadores sabem é que as pessoas estão mais alertas quando acordam do sono REM.
Randy Gardner detém o recorde de mais tempo voluntariamente sem sono, tendo ficado acordado por 264 horas (cerca de 11 dias) quando tinha 17 anos para um projeto de feira de ciência da escola em 1965. Nenhuma pessoa jamais morreu apenas por falta de sono e é eticamente arriscado explorar os limites no laboratório.
No ano passado, um chinês de 26 anos de idade, tentando assistir todos os jogos da Taça da Europa morreu depois de ficar acordado 11 dias. Relatos da época sugeriram que ele estava a beber álcool e fumar tabaco durante esse tempo, o que torna difícil estabelecer a privação de sono como a principal causa de morte.
Em experiências famosas na década de 1980, na Universidade de Chicago, os cientistas mantiveram ratos privados de sono. Os animais morreram de forma consistente passadas duas semanas, mas Siegel acha que a morte pode ter tido mais a ver com o aumento de cortisol, a hormona do stress, e com o aumento da pressão arterial, sempre que os ratos eram acordados do que a privação do sono.
Saiba mais: Insónia aumenta risco de suicídio
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