Quando a dor do luto e a depressão se misturam

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http://www.ciencia-online.net/2013/05/quando-dor-do-luto-e-depressao-se.html

A profunda tristeza que decorre da dor do luto pode parecer-se muito com a tristeza associada à depressão. A semelhança pode criar um dilema para os profissionais de saúde mental: Quando alguém que experimenta a perda de um ente querido deve ser diagnosticado como estando deprimido?

Nos seus critérios para a depressão, a versão anterior do manual de saúde mental, a quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), dizia que muitas pessoas que estavam em luto à dois meses deviam ser diagnosticados com depressão. (Esta isenção não se aplica às pessoas com sintomas extremos, como psicose).

Os arquitetos do novo DSM-5, que foi lançado a 22 de maio, viram esse corte de dois meses como arbitrário e desnecessário, tendo-o removido, tornando muito mais fácil de diagnosticar uma pessoa como estando a sofrer com depressão.

O luto não dura necessariamente dois meses, e alguém pode estar a lamentar a perda e a sofrer de depressão ao mesmo tempo, argumentam os líderes do DSM-5 num resumo publicado online em fevereiro no Journal of the American Medical Association.

Em ambas as formas de tristeza, alguém pode experimentar uma perda de interesse ou prazer em atividades que normalmente desfrutam, bem como mudanças nos padrões de sono, dificuldade de concentração, fadiga e outros sintomas. No entanto, existem distinções. 

Alguém que está a sofrer normalmente concentra os seus pensamentos sobre a pessoa que faleceu e experiencia ondas de dor ao invés da dor constante típica da depressão. A pesquisa também indica que na maioria dos casos, os sintomas de depressão que mimetizam associados à dor tendem a diminuir ao longo do tempo com a ajuda de familiares e amigos.

"Quando não havia medicação eficaz disponível para a depressão, eu acho que as pessoas tinham uma maior tolerância à dor", disse Robin Rosenberg, psicóloga clínica e co-autora de "Abnormal Psychology" (Worth Publishers, 2009). "Mas porque não há medicamentos disponíveis, algumas pessoas acham que porque podemos fazer algo que potencialmente alivia o sofrimento associado com a dor, nós devemos".

Aqueles a favor da remoção de dois meses, conhecida como a exclusão luto, argumentam que permitir o diagnóstico de depressão entre aqueles em luto pode prevenir ou reduzir o sofrimento. Por outro lado, outros preocupam-se com o possível excesso de diagnóstico da depressão e prescrições desnecessárias, bem como uma tolerância reduzida à dor como um processo natural, disse Rosenberg. 

Ser diagnosticado com transtorno depressivo major tem muitas repercussões e pode afetar a forma como as pessoas se vêm e o seu risco de episódios depressivos subsequentes, acrescentou.

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