Os cães são mais do que o melhor amigo do homem: Eles podem ser parceiros na jornada evolutiva dos seres humanos, de acordo com um novo estudo.
O estudo mostra que os cães separaram-se dos lobos cinzentos há aproximadamente 32.000 anos, e que, desde então, o cérebro e órgãos digestivos dos cães domésticos têm evoluído de forma muito similar ao cérebro e órgãos digestivos dos seres humanos.
Os resultados sugerem uma origem mais antiga para a domesticação do cão do que o sugerido anteriormente. Eles também sugerem que um ambiente comum levou tanto à evolução humana como à evolução canina há milhares de anos.
"À medida que a domesticação é frequentemente associada com um grande aumento na densidade populacional e condições de vida, esses ambientes 'desfavoráveis' podem exercer a pressão seletiva que levou a religação das duas espécies", escreveram os pesquisadores no seu artigo, publicado a 14 de maio na revista Nature Communications.
Não está claro exatamente quando os lobos foram domesticados e transformados no melhor amigo do homem, sendo a data muito debatida. Um antigo crânio semelhante ao dos cães descoberto nas montanhas da Sibéria sugeriu que os primeiros cães foram domesticados há aproximadamente 33 mil anos a partir de lobos cinzentos. Mas a análise genética sugere que os cães foram domesticados na China há apenas cerca de 16.000 anos.
Em qualquer caso, a maioria dos pesquisadores concorda que há cerca de 10.000 anos, os cães estavam firmemente arraigados na sociedade humana. Alguns estudos mostram que os cães selvagens do Sul da China podem ter sido os primeiros cães domesticados. Para entender essa domesticação, Guo-dong Wang, pesquisador de genética da Academia Chinesa de Ciências, e seus colegas analisaram o ADN de quatro lobos cinzentos, três cães chineses indígenas e um pastor alemão, um belga de Malinois e um mastiff tibetano.
O ADN sugere que os lobos cinzentos se separaram dos cães indígenas há cerca de 32 mil anos, disseram os pesquisadores. "Cães indígenas chineses podem representar o elo perdido na domesticação do cão", escrevem os pesquisadores no artigo. Desde então, a evolução dos cães tem sido gradual, e não houve quedas acentuadas na população de cães ao longo do tempo, sugerindo que os cães se tornaram gradualmente caseiros, após muitos anos de limpeza dos humanos.
A equipa então comparou genes correspondentes em cães e humanos. Eles descobriram que ambas as espécies foram submetidas a alterações semelhantes em genes responsáveis pela digestão e metabolismo, tais como genes que codificam para o transporte do colesterol. Essas mudanças poderiam ser devidas a uma mudança dramática na proporção de alimentos de origem animal em relação à base de plantas que ocorreram em ambos, em torno do mesmo tempo, disseram os pesquisadores.
A equipa também descobriu co-evolução em vários processos cerebrais - por exemplo, em genes que afetam o processamento da serotonina no cérebro. Nos seres humanos, as variações nesses genes afectam os níveis de agressão.
