Os robôs podem gerar sentimentos surpreendentemente humanóides. Para as pessoas, assistir a um robô que está a ser mal tratado ou abraçado tem um efeito semelhante a ver as mesmas coisas num ser humano, mostra uma nova pesquisa.
Os seres humanos estão cada vez mais expostos a robôs nas suas vidas diárias, mas pouco se sabe sobre como essas máquinas realistas influenciam as emoções humanas. Em dois novos estudos, os pesquisadores procuraram medir como as pessoas reagiram aos robôs num nível emocional e neurológico.
No primeiro estudo, aos voluntários foram mostrados vídeos de um pequeno robô dinossauro a ser tratada carinhosamente ou violentamente. No vídeo afetuoso, os seres humanos abraçavam e faziam cócegas ao robô, no vídeo violentos, batiam-lhe ou deitavam-no ao chão.
Os cientistas avaliaram os níveis de excitação fisiológica das pessoas depois de assistirem aos vídeos, gravando a sua condutância de pele, uma medida de quão bem a pele conduz eletricidade. Quando uma pessoa está a passar por fortes emoções, sua mais, aumentando a condutância da pele.
Os voluntários relataram sentir mais emoções negativas, enquanto observavam o robô a ser agredido. Enquanto isso, os níveis de condutância da pele dos voluntários aumentou, mostrando que eles estavam mais angustiados. No segundo estudo, os pesquisadores usam a ressonância magnética funcional (fMRI) para visualizar a atividade cerebral nos participantes enquanto eles observavam vídeos de humanos e robôs a interagir.
Mais uma vez, aos participantes foram mostrados vídeos de um ser humano e um robô, e, desta vez, um objeto inanimado a ser tratado com carinho ou abuso. Num vídeo, por exemplo, um homem aparece a bater numa mulher. Noutro, uma pessoa faz as mesmas coisas ao dinossauro robô.
O tratamento carinhoso do robô e do ser humano levaram a padrões semelhantes de atividade neural em regiões do sistema límbico do cérebro, onde as emoções são processadas, mostraram os exames de ressonância magnética. Mas os cérebros dos observadores ativaram-se mais ao ver o tratamento abusivo no ser humano do que no robô, o que sugere uma maior empatia para o ser humano.
"Nós pensamos que, em geral, os estímulos do robô obtêm o mesmo processamento emocional, tal como os estímulos humanos", disse a principal autora do estudo, Astrid Rosenthal-von der Putten, da Universidade de Duisburg Essen, na Alemanha. A pesquisadora suspeita que as pessoas ainda têm uma maior empatia com os humanos do que robôs, como evidenciado pelo forte efeito de assistir a violência contra o ser humano do que o robô.
Ainda assim, o estudo avaliou apenas reações imediatas das pessoas aos estímulos emocionais. "Nós não sabemos o que acontece depois de um curto prazo", disse ela. Não é surpreendente que os seres humanos mostrem empatia para o robô, uma vez que este se comportou como um animal, disse em entrevista ao LiveScience o roboticista Alexander Reben, fundador da empresa BlabDroid.
Os seres humanos têm sido conhecidos por mostrar empatia para robôs numa variedade de contextos. Por exemplo, os soldados formam ligações com robôs no campo de batalha. Outra pesquisa sugere que os seres humanos sentem mais empatia por robôs mais realistas que parecem, mas não são muito humanóides.
Como os robôs se tornam cada vez mais omnipresentes, compreender as interacções humano-robô vai assumir uma importância crescente, disse Rosenthal-von der Putten. A nova pesquisa será apresentada em junho durante uma conferência internacional em Londres.