Embora exista maior pressão social sobre as mulheres para terem filhos, os homens podem realmente sentirem-se mais deprimidos e solitários por não terem filhos, sugerem os resultados de um pequeno inquérito britânico.
Os resultados foram apresentados na reunião anual da Associação Britânica de Sociologia, em Londres ontem (3 de abril) por Robin Hadley, da Universidade de Keele, no Reino Unido, que entrevistou 27 homens e 81 mulheres sem filhos.
Quase a mesma proporção de homens e mulheres disseram que queriam crianças (59% dos homens e 63% das mulheres). Entre esse grupo, metade dos homens disseram que experimentaram solidão, por não terem sido pais, enquanto pouco mais de um quarto das mulheres disseram o mesmo. Comparando com as mulheres, os homens também eram mais propensos a sentir ciúmes de outros pais e tristes, com raiva, e deprimidos por não terem filhos.
"Há muito pouca pesquisa sobre o desejo de se ser pai entre os homens", disse Hadley, num comunicado. "Isso desafia a ideia comum de que as mulheres são muito mais propensas a querer ter filhos do que os homens, e que elas sempre experimentam uma gama de emoções negativas de forma mais profunda do que os homens, se eles não tiverem filhos".
A pesquisa foi realizada com um questionário online entre os adultos nas faixas etárias dos 20 aos 66 anos, com uma idade média de 41. A maioria era branca, heterossexual e tinha um emprego a tempo integral.
Noutra pesquisa com 125 pessoas que já eram pais, Hadley constatou que as mulheres que queriam mais filhos tinham níveis mais elevados de raiva, depressão, culpa, isolamento, tristeza e desejo, do que os homens quando eles pensavam sobre não serem capazes de ter mais filhos.
Embora o foco do estudo fossem adultos sem filhos, mas que queriam ter filhos, é importante notar que nem todas as pessoas sem filhos são as mesmas. Há aqueles que escolhem não ter filhos e aqueles que enfrentam infertilidade, exigências do trabalho ou preocupações financeiras.
Um estudo americano publicado no ano passado descobriu que as mulheres que escolhem não ter filhos sentiam mais pressão para se reproduzirem do que as outras mulheres sem filhos, mas não eram tão angustiadas com sua vida sem filhos.
Enquanto isso, as mulheres que queriam filhos, mas não os tinham por causa de problemas de fertilidade ou médicos, foram as que mais sofreram, de acordo com os resultados, publicados no Journal of Marriage and Family.
