Baixas doses de um medicamento para a perda de peso poderiam reverter muitos dos sintomas de autismo de uma condição chamada síndrome do X frágil, sugere um novo estudo.
Os ratinhos tratados com o fármaco (Rimonabant) no estudo mostraram memória melhorada e convulsões reduzidas, bem como mais sensibilidade normal à dor, em comparação com ratos não tratados com o fármaco.
Não está claro se as mesmas melhorias poderia acontecer em pessoas. O Rimonabant, basicamente funciona criando o efeito oposto ao apetite e foi retirado do mercado em 2009 porque causava depressão e pensamentos suicidas em alguns pacientes.
No entanto, o fármaco parece melhorar os sintomas de autismo em doses muito mais baixas do que as normalmente usadas para a perda de peso, disse a co-autora Arnau Busquets Garcia, pesquisadora de neurociência na Universidade Pompeu Fabra, em Espanha.
As pessoas com síndrome do X frágil têm uma única mudança num gene chamado FMR1, que os impede de produzir uma substância química em níveis suficientes, sendo esta substância a chave do cérebro que dirige a comunicação entre as células cerebrais. Como resultado, as células cerebrais tendem a disparar em demasia, causando convulsões, retardo mental, problemas de memória e insensibilidade à dor.
A equipa de pesquisa verificou que os receptores chamados receptores CB1, também desempenham um papel importante no disparo das células cerebrais. Como as células cerebrais não funcionam corretamente na síndrome do X frágil, os pesquisadores perguntaram-se se o bloqueio desses recetores poderia reduzir os sintomas da doença.
Para o descobrir, eles deram rimonabant a ratos que tiveram uma mudança genética semelhante ao X-frágil, e mediram os efeitos. O bloqueio dos receptores com rimonabant melhorou o desempenho dos ratos num labirinto de memória, e também eliminou os seus défices cognitivos. Os ratos que receberam rimonabant também tiveram menos convulsões e respostas mais normais à dor.
Quando analisadas sob um microscópio, as células cerebrais também pareciam mais células cerebrais saudáveis do que aqueles típicos da síndrome do X frágil. A nova abordagem poderia, em tese, mostram bons resultados para outras formas de autismo.
No entanto, os pesquisadores primeiro tem que mostrar que o rimonabant é seguro em doses mais baixas, e eficaz em pessoas que tinham síndrome do X frágil, disse ele. Os resultados foram publicados a 31 de março na revista Nature Medicine.
