A prática da prescrição de medicamentos estimulantes para crianças saudáveis que estão à procura de um impulso mental não é justificável, e deve acabar, afirma um grupo de médicos.
A Academia Americana de Neurologia publicou uma declaração sobre a questão de preocupação com o uso crescente de fármacos estimulantes - usadas para tratar o déficit de atenção (TDAH) - em crianças saudáveis.
Durante as duas últimas décadas, houve um aumento de 20% nos diagnósticos de TDAH, e um aumento de dez vezes na produção e consumo de medicamentos para o tratar. E uma pesquisa do governo americano em 2012 constatou que entre 3 e 8% dos alunos dos EUA dizem tomar Ritalina ou Adderall - ambos medicamentos para o TDAH - sem receita médica.
Os adolescentes supostamente usam os fármacos para aumentar o foco mental, como método de se prepararem para os testes e tirarem boas notas. Uma vez que esses medicamentos precisam de receita médica, os médicos estão a desempenhar um papel na forma como eles acabam nas mãos das crianças saudáveis, direta ou indiretamente. Portanto, os médicos devem limitar o uso destas medicações em crianças, tanto quanto possível para evitar o abuso.
Os efeitos colaterais dos medicamentos para o TDAH podem incluir nervosismo, supressão do apetite e insónia. Também houve alguma sugestão de que os fármacos aumentam o risco de problemas cardíacos em crianças com condições subjacentes.
Em crianças que realmente têm TDAH, os benefícios dos fármacos podem superar os efeitos colaterais. Mas para aqueles que não têm a condição, o benefício não é tão grande, e os efeitos secundários podem não valer a pena os riscos. Da mesma forma, os medicamentos não foram estudados em crianças saudáveis, por isso os médicos não sabem quais os efeitos a longo prazo.
Porque as crianças não podem sempre tomar as melhores decisões para si próprias, os pesquisadores indicam que os médicos têm a obrigação profissional de protegê-los do mau uso de medicamentos que possam prejudicá-los mais tarde na vida. O documento de posição dos médicos foi publicado a 13 de março na revista Neurology.