A verdade sobre como o paladar funciona

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http://www.ciencia-online.net/2013/03/a-verdade-sobre-como-o-paladar-funciona.html
Cientistas criaram ratos que não sentem o gosto doce, amargo ou salgado, revelando como esses gostos são processadas no cérebro.

A capacidade de saborear os sabores baseia-se na passagem de moléculas de sinalização das células gostativas para os neurónios, mas exatamente como isso aconteceu era desconhecido. Os cientistas descobriram agora o canal de proteína que liberta essas moléculas, provocando nervos que dizem ao cérebro o que está a ser provado.

Os ratos que não têm este canal, não têm a capacidade de provar qualquer coisa doce, amarga ou umami, relataram os pesquisadores a 6 de março, na revista Nature. As papilas gustativas têm células que detectam sabores doce, amargo e umami. As células comunicam estes gostos ao cérebro, libertando uma molécula de sinalização chamada ATP. 

Normalmente, as células do cérebro comunicam-se por junções especiais chamadas sinapses, mas essas células gustativas não as têm. "A questão foi, como é que o ATP sai para as células das fibras nervosas para provar algo doce, amargo ou umami?", disse o co-autor J. Kevin Foskett, neurocientista da Universidade da Pensilvânia.

Foskett e seus colegas descobriram que um canal de iões na superfície das células chamadas CALHM1 tinha um poro gigante que pode permitir que moléculas grandes passem através dele. Depois de um relatório ter saído a sugerir que o CALHM1 estava presente nas células gustativas, Foskett perguntou-se se esse canal poderia ser a peça que faltava para permitir a gosto doce, amargo e umami, enviar sinais ao cérebro. 

Primeiro, os pesquisadores testaram se o ATP poderia caber através do canal, com êxito. Em seguida, eles criaram ratos geneticamente modificados para não terem o canal. Quando esses ratos receberam um teste de gosto, eles não podiam provar nada doce, amargo ou umami. "Esse foi um momento eureka para nós", disse Foskett. "Este canal iónico é absolutamente essencial para a libertação da ATP. Se você não tem esse canal, você não pode provar o doce, amargo ou umami".

A descoberta reforça a compreensão dos cientistas sobre o papel do ATP no gosto. "É certamente uma peça importante do quebra-cabeça", disse a neurocientista Sue Kinnamon da Universidade do Colorado, que não esteve envolvido no estudo. Mas Kinnamon não está convencida de que o novo canal seja o único fator envolvido. Os autores do estudo também não excluem outros mecanismos.

A molécula de ATP tem importantes funções de sinalização em todo o corpo, e não apenas nas células gustativas. Os resultados deste estudo podem ser estendidos para explicar como outros tipos de células libertam ATP, disse Foskett.

Enquanto a pesquisa está nos seus estágios iniciais, as aplicações potenciais incluem o desenvolvimento de fármacos que interagem com o canal para modificar o gosto. Por exemplo, pode ser possível criar um fármaco que torne as células gustativas mais sensíveis a coisas doces, de forma a uma pessoa obter a mesma sensação ao comer menos açúcar. Outra possibilidade seria bloquear o canal para evitar o mau gosto dos medicamentos.

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