Algumas pessoas são viciadas em café, mas um casal na Flórida levou o seu hábito de café a um nível totalmente novo: os clísters de café.
Mike e Trina, que se recusaram a dar os seus últimos nomes (por razões que podem ser óbvias), são tão viciados em clísters de café que eles usam-no para se limparem internamente pelo menos quatro vezes ao dia, embora Trina admita usá-lo até 10 vezes num único dia, de acordo com a ABC News.
"Eu amo a forma como me faz sentir", disse Trina à ABC News. "Dá uma sensação de euforia". Tanto ela como Mike trabalham a partir de casa - caso contrário, os seus frequentes clísters podiam não ser possíveis.
"Eu tive um monte de problemas de estômago, problemas digestivos com o meu rim e fígado", disse Trina à ABC News. "Eu comecei a pesquisa que levou aos clísters de café, e eu realmente comecei a sentir os benefícios. Senti-me como se estivesse a viver pela primeira vez em anos". (O casal faz parte do programa televisivo da cadeia TLC chamado "My Strange Addiction").
A investigação médica, no entanto, revela que não só não existem benefícios comprovados para os clísters de café, como também há alguns riscos significativos para o seu uso na "limpeza do cólon", numa base frequente. "Não há estudos cientificamente robustas que apoiem esta prática" defende um artigo de co-autoria do Dr. Ranit Mishori, médico da Universidade de Georgetown, em Washington. O estudo foi publicado na edição de agosto de 2011 do The Journal of Family Practice.
Mishori e seus colegas descobriram que os efeitos colaterais mais comuns da limpeza do cólon são náuseas, vómitos, diarreia e dor abdominal. Dependendo da solução utilizada, os pacientes podem experimentar uma perda grave de eletrólitos - e os clísters de café estão ligados à depleção de potássio. Condições médicas, como insuficiência renal e hepática, embolia aérea, perfurações retais, infecções de sangue, colite (inflamação do cólon) e morte por disenteria também pode resultar da limpeza do cólon.
Os clísters de café tiveram o seu início como uma parte do tratamento de Gerson, de acordo com a American Cancer Society (ACS). Nomeado pelo Dr. Max Gerson, que desenvolveu a terapia em 1940, o tratamento também apela à toma de suplementos, à ingestão de grandes quantidades de sumo de fruta crua e à injecção intravenosa de extrato de fígado.
Mas o tratamento de Gerson - que já não é aplicado - está relacionado com sérios problemas de saúde, inclusive a morte. Há pelo menos um relatório de clísters quentes que causaram queimaduras, cicatrizes e perfuração retal. E após o uso frequente ou clísters regulares - como os de Mike e Trina - o cólon e o reto podem, eventualmente, perder a capacidade de gerar movimentos intestinais adequados, tornando uma pessoa totalmente dependente de clísters para os seus movimentos intestinais.
Os clísters são recomendados pelos médicos apenas como um último recurso em casos de constipação grave. Mas isso não impediu os clísters de serem utilizadas para uma série de fins - inclusive na ingestão alcoólica arriscada. Um estudante da Universidade do Tennessee, foi hospitalizado no ano passado depois de uma festa que envolveu clísters com álcool. O estudante tinha um nível de álcool no sangue cinco vezes superior ao limite legal, e dentro do que os médicos chamam "zona da morte" por envenenamento por álcool, informou a CNN.com.
E, em 2004, um homem morreu no Texas depois da sua esposa lhe ter administrado um clíster de xerez, fazendo com que o seu nível de álcool no sangue subisse rapidamente, de acordo com o Houston Chronicle. Uma vez que um clíster de álcool ignora o estômago e outros órgãos digestivos, o organismo não metaboliza o álcool, que pode causar a intoxicação alcoólica mais rapidamente.
