Uma partícula subatómica descoberta no ano passado que pode ser o tão sonhado bosão de Higgs, pode condenar o nosso universo a um final infeliz, dizem os pesquisadores.
A massa da partícula, que foi descoberta no maior acelerador de partículas do mundo - o Large Hadrons Collider (LHC), em Genebra, Suiça - é um ingrediente-chave num cálculo que prenuncia o futuro do espaço e do tempo.
"Este cálculo diz que daqui a dezenas de milhares de milhões de anos haverá uma catástrofe", disse Joseph Lykken, físico teórico do Fermi National Accelerator Laboratory, em Batavia, Illinois. "Pode ser que o universo em que vivemos seja inerentemente instável, e em alguns biliões de anos tudo irá apagar", acrescentou.
O bosão de Higgs é uma manifestação de um campo de energia que permeia o universo chamado o campo de Higgs, que se pensa explicar por que as partículas têm massa. Depois de procurar durante décadas a prova de que este campo e partícula existiam, os físicos do LHC anunciaram em julho de 2012 que haviam descoberto uma nova partícula cujas propriedades sugerem fortemente ser o bosão de Higgs.
Para confirmar a identidade da partícula serão necessário mais dados. Mas muitos cientistas acreditam piamente ser o Higgs. "Esta descoberta para mim foi surpreendente", disse Joseph I. Kroll, físico da Universidade de Pensilvânia, que também trabalha no LHC. E encontrar o Higgs, se ele realmente foi encontrado, não só confirma a teoria sobre como as partículas obtêm massa, mas permite aos cientistas fazer novos cálculos que antes não eram possíveis.
Por exemplo, a massa da nova partícula é de cerca de 126000 milhões de electrões-volt, ou cerca de 126 vezes a massa do protão. Se essa partícula é realmente o Higgs, a sua massa acaba por ser apenas o necessário para tornar o universo fundamentalmente instável, de uma forma que fará com que ele termine catastroficamente num futuro distante.
Isto porque se pensa que o campo de Higgs está em toda parte, por isso afeta o vácuo do vazio do espaço-tempo do universo. "A massa do Higgs é relacionada à forma como o vácuo é estável", explicou Christopher Hill, físico da Universidade Estadual de Ohio. Surpreendentemente, se a massa do Higgs fosse apenas uma pequena percentagem diferente, o universo não seria condenado, disseram os cientistas.