Kate Middleton, a duquesa de Cambridge, está a receber hipnoterapia para controlar os seus enjoos matinais, de acordo com reportagens da imprensa. Mas o que é exatamente a hipnoterapia e como funciona?
Na medicina, a hipnose significa colocar um paciente num estado avançado de relaxamento durante o qual o paciente está mais aberto a sugestões, diz Harold Pass, professor associado de psiquiatria clínica do Stony Brook University Medical Center, em Nova York. O paciente não está a dormir, nem inconsciente, e não perde o controle sobre as suas ações.
"As pessoas não se transformam em zumbis, eles não vão imitar patos ou galinhas, não há relógios de bolso a balançar", disse Julie Schnur, psicóloga clínica e professora assistente na Mount Sinai School of Medicine, em Nova York. "Usa-se a própria mente do paciente e os seus pensamentos para o ajudar a sentir-se melhor".
Durante uma sessão, o paciente é primeiro conduzido a um estado de transe de atenção altamente concentrada. Alguns dizem que as pessoas entram e saem desse estado todos os dias e comparam-no a uma atividade em que uma pessoa está completamente absorvida, como assistir a um pôr do sol. Neste estado, ocorrem alterações cerebrais que tornam as pessoas mais capazes de alterar as suas percepções.
Por exemplo, um hipnoterapeuta pode perguntar a um paciente para alterar a localização, a intensidade ou a qualidade da sua percepção de dor. No caso de Kate, a hipnoterapia pretende tirar todos os pensamentos negativos relacionados com a comida e enjoos matinais, e substituí-los com vontade de comer alimentos saudáveis e nutritivos.
Durante a última década, mais e mais pesquisas mostram que há benefícios na hipnose para problemas médicos, como a síndrome do intestino irritável e a dor crónica. Estudos também sugerem que a hipnose pode reduzir o stress e a ansiedade antes da cirurgia. Estudos também têm demonstrado que a hipnose reduz os custos de cuidados de saúde - os pacientes que a usam permanecem no hospital por períodos mais curtos e usam menos medicamentos.
A hipnose não é mágica - alivia os sintomas, mas não cura a doença. E para quem sofre de dor crónica, raramente elimina a dor. Michael Clark, diretor do Programa de Tratamento da Dor da Universidade John Hopkins, disse que não há provas contundentes de que a hipnose seja eficaz para a dor crónica, mas há alguma evidências.
Clark recomendou a terapia para pacientes que estejam abertos a isso. "Muitas das terapias alternativas como a hipnose, meditação, acupuntura, tai chi, realmente não têm nenhum risco grave associado a elas", disse Clark. "Elas podem não ter uma enorme base de evidências, mas a equação risco/benefício é favorável".
No entanto, a hipnose tem os seus riscos. Embora raras, reações como dores de cabeça, náuseas e ansiedade acontecem em algumas pessoas, de acordo com a Clínica Mayo. E o uso de hipnose em pacientes com certas doenças mentais, ou para ajudar a qualquer paciente reviver eventos anteriores, continua a ser controverso, porque esses usos podem criar falsas memórias.