Apesar de partilharmos cerca de 98% do nosso ADN com os chimpanzés, nós temos cérebros muito maiores e somos, enquanto espécie, muito mais inteligentes.
Agora, um novo estudo lança luz sobre o porquê: ao contrário dos chimpanzés, os seres humanos passam por uma enorme explosão no crescimento da massa branca, ou das conexões entre as células cerebrais, nos dois primeiros anos de vida.
Os novos resultados, publicados ontem (18 de dezembro) na revista Proceedings of the Royal Society B, explicam em parte pela qual os humanos são muito mais inteligentes do que os nossos parentes vivos mais próximos. Mas eles também revelam porque os dois primeiros anos de vida desempenham um papel fundamental no desenvolvimento humano.
"O que é realmente único sobre nós é que os nossos cérebros experimentam um rápido estabelecimento de conectividade nos dois primeiros anos de vida", disse Chet Sherwood, neurocientista evolutivo na Universidade George Washington, que não esteve envolvido no estudo. "Isso provavelmente ajuda a explicar porque os primeiros anos da vida humana são tão fundamentais para nos colocarem no caminho do conhecimento, aquisição de linguagem, cultura e todas aquelas coisas que fazem de nós seres humanos".
Embora estudos anteriores tenham mostrado que o cérebro humano passa por uma rápida expansão da conectividade, não era claro que fosse o único entre os grandes macacos (um grupo que inclui chimpanzés, gorilas, orangotangos e humanos). Para provar que essa é a assinatura da inteligência superior da humanidade, os investigadores terão que provar que esse processo é distinto do que acontece nos nossos parentes mais próximos.
No Japão, investigadores fizeram exames de ressonância magnética (MRI) ao cérebro de três chimpanzés bebés enquanto eles cresceram até aos 6 anos de idade. Eles, então, compararam os dados com imagens do cérebro existentes de outros macacos e de 28 crianças japonesas. Os pesquisadores descobriram que tanto os chimpanzés como os seres humanos desenvolviam o cérebro em períodos iniciais da vida, quando comparados com outros macacos.
"O aumento do volume cerebral total durante a primeira infância e a fase juvenil em chimpanzés e humanos foi cerca de três vezes superior ao aumento dos macacos", escreveram os pesquisadores no artigo. Mas o cérebro humano expandiu muito mais drasticamente do que os cérebros dos chimpanzés durante os primeiros anos de vida, sendo essa expansão impulsionada pelo crescimento explosivo nas conexões entre as células cerebrais, que se manifestam numa expansão da massa branca. A expansão cerebral do chimpanzé foi cerca de metade da expansão nos seres humanos, durante esse período de tempo.
Os resultados, embora não inesperada, são únicos, porque os pesquisadores acompanharam os mesmos chimpanzés ao longo do tempo. A explosão da massa branca também pode explicar porque as experiências durante os primeiros anos de vida podem afetar muito o QI, a vida social e de longo prazo das crianças, bem como a sua resposta ao stress.
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