As mãos humanas podem ter evoluído da sua forma original, a fim de permitir uma melhor forma de lutar, sugere um novo estudo.
As novas descobertas, publicadas a 19 de dezembro no Journal of Experimental Biology, mostram que o punho cerrado não produz mais força do que uma palmada, mas protege melhor os dedos. A forma única da mão humana é uma das poucas configurações possíveis que permitem a um organismo ter tanto destreza manual como a capacidade de a utilizar como arma, revela o estudo.
"Uma vez que as mãos não são mais usadas na locomoção não poderia ter havido muitas maneiras diferentes para manipular e muitas maneiras diferentes de soco", disse Milford Wolpoff, um paleo-antropólogo da Universidade de Michigan, que não esteve envolvido no estudo. "A mão que faz as duas coisas é muito limitada na sua morfologia".
A forma de mão, essencialmente, transforma "este sistema músculo-esquelético relativamente delicada num instrumento eficaz", disse o co-autor David Carrier, biólogo evolucionista da Universidade de Utah. Esta não é a primeira vez que Carrier argumentou que os seres humanos evoluíram para lutar. No ano passado, ele publicou uma pesquisa que sugere que os seres humanos se tornaram bípedes terrestres para melhor disferir golpes.
"Se você parar e olhar para o que sabemos sobre as outras espécies, nós somos um grupo relativamente violento de mamíferos," disse Carrier. Os ancestrais da humanidade oscilavam nas árvores, o que significava que precisavam de dedos longos para agarrar galhos. Mas uma vez que começaram a caminhar sobre duas pernas, entre 3,8 e 2,9 milhões de anos atrás, as suas mãos ficaram livres para evoluir e melhorar a destreza. Este facto alimentou rápidas mudanças na mão humana, disse Carrier.
No entanto, enquanto os chimpanzés também vivem num estilo de vida terrestre e usam as mãos para muitas tarefas, eles têm dedos mais longos e um polegar magro, facto que levou os pesquisadores a questionarem-se se a agressão desempenhou um papel na evolução da mão. Para descobrir isso, os pesquisadores mediram a força produzida por 12 experientes pugilistas masculinos e artistas marciais, enquanto acertavam num saco de pancadas com a maior força possível, tanto com a palma da mão como com o punho fechado.
Surpreendentemente, os dois métodos produziram o mesmo nível de força máxima. Mas o punho cerrado entregou a mesma força numa menor área de superfície, o que significa que poderia causar mais danos de tecido e ser mais propenso a quebrar ossos. De facto, as pessoas usam o punho fechado para perfurar de forma a maximizar danos corporais aos seus adversários, não para maximizar a força que podem produzir.
De igual forma, o punho cerrado, segundo os pesquisadores, "bloqueia o dedo indicador e o dedo médio, tornando assim o punho rígido". Essa configuração impede as pessoas de ferirem as mãos ao disferir golpes mortais, disse Carrier. A equipe também descobriu que outras configurações possíveis da mão, mais semelhantes ás encontrados em parentes próximos dos seres humanos, poderiam ser igualmente ágeis, mas não tão mortais.
Como aprofundamento, a equipa quer estudar se as diferenças nas mãos das mulheres e dos homens (as mulheres em geral têm um dedo indicador mais longo), potencialmente tornam as mulheres mais ágeis e os homens mais perigosos.