Você pode esperar que o facto do mundo não terminar seja um motivo de comemoração. Mas para os crentes, a existência contínua do planeta pode ser muito traumática.
Foi amplamente espalhado, especialmente em boatos online, que 21 de dezembro seria o fim do mundo, uma má interpretação de um calendário usado pelos povos antigos maias. Embora os Maias não fizessem previsões catastróficas, alguns indivíduos modernos e grupos afirmaram que haviam predito fim a 21 de dezembro de 2012.
Porque as previsões catastróficas eram em grande parte baseadas em propaganda online, é provável que as consequências do seu fracasso sejam mais variadas do que nas previsões apocalípticas passadas, disse Stephen Kent, sociólogo da Universidade de Alberta. Na maioria das vezes, as previsões catastróficas são feitas por líderes carismáticos, muitas vezes em contextos de culto.
Depois do falhanço do dia do Juízo Final, os crentes respondem com uma série de reações, a partir das suas antigas crenças. Uma reação clássica foi a feita por Harold Camping, um pregador de rádio que previu pela primeira vez o Dia do Julgamento em 1994. Quando essa data não deu certo, Camping fez uma reclamação comum entre os profetas do juízo final - a matemática tinha sido errada, mas a profecia final estaria ainda certa.
Ele, então, previu um Dia do Juízo amplamente divulgado em maio de 2011, o que também não ocorreu. Após esse fracasso, Camping afirmou que o Dia do Julgamento foi "espiritual" na natureza e que o mundo ainda terminaria poucos meses depois. Quando essa reivindicação também falhou, Camping finalmente admitiu o seu erro.
Racionalizar e tentar explicar o fracasso é comum entre os grupos apocalípticos, disse Lorenzo DiTommaso, professor de religião na Universidade Concordia, em Montreal. Em alguns casos, os grupos chegam a afirmar que as suas orações salvaram o mundo. O apocalipse Maia é susceptível de ser diferente, mesmo porque a Internet está repleta de dezenas de profecias contraditórias sobre o dia, acrescentou DiTommaso.
Os crentes no fim do mundo tendem a continuar com as suas vidas com mais sucesso se eles têm fortes redes familiares e de amigos, disse Kent. A falha pode ser tão traumática, afirma Kent, estas previsões parecem ser uma forma das pessoas lidarem com a sua mortalidade. Os crentes geralmente acham que eles vão sobreviver ao fim, seja por serem um dos eleitos de Deus, através da construção de um bunker subterrâneo, ou por apanharem boleia num OVNI amigável. Se você sobreviver ao fim do mundo, disse Kent, você nunca terá que enfrentar a sua própria morte.
No entanto, a esperança é eterna. Combinar as datas do calendário Maia para o calendário moderno não é uma ciência exata, oferecendo aos crentes apocalípticos um "nós temos a matemática errada", que faz uma racionalização da previsão falhada. Já, "há um pouco de conversa para 2015", disse DiTommaso.
