Nuvens de poeira fria na Via Láctea têm formas imprevisíveis e complexas, tornando-se difícil para um computador encontrar buracos nessas manchas densas de poeira. O olho humano é realmente muito mais exigente a detectar as lacunas, e os astrónomos estão a voltar-se para os cidadãos cientistas para os ajudar a fazer exatamente isso.
Imagens do telescópio infravermelho Spitzer da NASA mostraram que havia manchas escuras no meio de nuvens brilhantes de gás e poeira na nossa galáxia. Pensava-se que estas manchas eram densas nuvens de poeira simplesmente demasiado frias para ser detetadas pelas câmaras do Spitzer. E os cientistas esperavam que as observações de luz por infravermelho do Observatório Espacial Herschel - que pode ver a poeira muito mais fria que o Spitzer - revelasse que estas regiões escuras brilhavam intensamente. Mas os dados de Herschel sugeriram que esses pontos eram realmente apenas buracos.
"Ficamos surpresos ao descobrir que algumas dessas nuvens escuras simplesmente não existiam, aparecendo também escuras nas imagens do Herschel", disse Derek Ward-Thompson, diretor do Jeremiah Horrocks Institute for Astrophysics, em Inglaterra. Mas mapear esses buracos inesperados é uma tarefa complicada. "O problema é que as nuvens de poeira interestelar não vêm a calhar para o fácil reconhecimento de formas", acrescentou. "As imagens são muito confusas para os computadores analisarem, e há muitos para nós próprios fazermos".
Os astrónomos uniram-se à ciência feita por cidadão comuns no portal Zooniverse e colocaram imagens da nossa galáxia disponíveis para o público as perscrutar. Um tutorial mostra como verificar a diferença entre um buraco e uma nuvem, explicando que, enquanto nas imagens de luz visível, pode ser difícil distinguir entre poeira interestelar e um buraco, certos dados de infravermelho ajudam a iluminar as suas diferenças. O que os voluntários devem fazer é decidir se uma imagem apresentada mostra uma nuvem brilhante, um buraco ou algo entre os dois - e no site dá exemplos de cada um.
A iniciativa faz parte do Milky Way Project (Projeto Via Láctea), que já criou o maior catálogo astronómico de estrelas, formando bolhas desde a sua criação, há dois anos. Você pode ajudar a encontrar falhas nas nuvens interestelares aqui: http://www.milkywayproject.org/clouds