As pessoas que fumam canabis podem estar em maior risco para a psicose se eles tiverem um marcador genético, defende um novo estudo.
Os resultados mostram que pessoas com este marcador genético que usam canabis têm duas vezes mais probabilidade de sofrer psicose em comparação com aqueles que usam a droga, mas não têm o marcador genético. Entre as pessoas que usam a droga todos os dias, o risco de psicose aumenta sete vezes para aqueles que têm o marcador genético.
Estudos anteriores já tinham ligado o consumo de canabis com o risco aumentado de transtornos psiquiátricos, como a esquizofrenia, mas apenas um pequeno número de pessoas que fumam canabis têm um surto psicótico. A nova descoberta poderá ajudar a identificar quais usuários podem estar em risco para este efeito colateral, disseram os pesquisadores.
"Os nossos resultados ajudam a explicar por que um usuário de canabis desenvolve psicose enquanto os seus amigos continuam a fumar sem problemas", disse a pesquisadora Marta Di Forti, do Instituto Kings College de Psiquiatria de Londres. O estudo envolveu 489 pessoas que vivem em Londres que tiveram um episódio psicótico, e 278 pessoas saudáveis, sem história de distúrbios psiquiátricos.
O marcador genético em questão é uma variação de um gene AKT1. A nova descoberta confirma pesquisas anteriores, que também ligam este marcador com o risco de psicose depois de fumar canabis. O gene AKT1 é conhecido por estar envolvido na sinalização de dopamina para o cérebro, o que é anormal em pacientes com psicose, disse Di Forti.
O marcador genético provavelmente atua junto com outros genes que contribuem para o risco de psicose ao fumar canabis, disseram os pesquisadores. Encontrar as bases genéticas da psicose de canabis pode levar ao desenvolvimento de terapias para a doença, disse John Krystal, editor da Biological Psychiatry, a revista onde o estudo foi publicado a 15 de novembro.