Manual com 300 anos revela as primeiras tentativas para ensinar surdos a falar

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http://www.ciencia-online.net/2012/11/manual-com-300-anos-revela-as-primeiras.html
Um manual de instruções de 300 anos de idade, com capa de couro, contém alguns dos primeiros exemplos de tentativas de ensinar surdos a comunicarem-se. O manual pertencia a Alexander Popham, um adolescente surdo de uma família nobre Inglesa que aprendeu a falar em 1660. O caderno de capa de couro foi descoberto em 2008 numa imponente mansão Inglesa chamada Littlecote House.

A descoberta sugere que um dos tutores do menino, John Wallis, estava algumas centenas de anos à frente do seu tempo na compreensão de que as pessoas surdas necessitavam a sua própria língua para se comunicarem, disse o linguista David Cram, da Universidade de Oxford, que apresentará as suas descobertas numa conferência agora em Novembro, em Londres.

Wallis também provavelmente fez uso de um método rudimentar da linguagem de sinais, disse Cram. Na época, os homens que mudos eram considerados incompetentes e não podiam herdar propriedades ou fazer testamentos. "A tradição que remonta à Idade Média foi a de que a surdez e o mutismo estavam juntos", disse Cram. "Se você não pode ensinar as pessoas a falar, você não seria capaz de ensiná-los a comunicar-se".

A fim de preservar o status social do jovem Popham, a sua família pediu a dois homens do período renascentista, nomeadamente Wallis e Holder William, para ensiná-lo a falar. Surpreendentemente, Popham aprendeu a comunicar-se e a falar (embora os registos históricos não revelem o quão bem), e tornou-se uma celebridade da época, sendo até apresentado à corte. Ele casou-se com a filha de uma das mulheres intelectualmente mais importantes do século XVII.

Nos anos posteriores, Wallis e Holder disputaram quem devia receber o crédito pelo ensino de Popham. O pequeno, manual com capa de couro escrito por Wallis revela que ele entendeu que os surdos podiam comunicar-se e falar. O livro contém explicações detalhadas de articulação vocal, mas também números, sinais e exercícios de fonética, sintaxe e construção de frases.

Wallis não foi a primeira pessoa a experimentar sinais. Centenas de anos antes, monges beneditinos, que fizeram voto de silêncio, também desenvolveram a sua própria língua composta por sinais primitivos, que formaram a base das tentativas posteriores de Espanha para ensinar o surdo a assinar, disse Cram.


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