As ondas cerebrais de dois músicos sincronizam-se quando eles estão a fazer um dueto, descobriu um novo estudo, sugerindo que existe um modelo neural para coordenar ações com os outros.
Uma equipa de cientistas do Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano em Berlim usou eléctrodos para registar as ondas cerebrais de 16 pares de guitarristas enquanto tocavam uma sequência de "Sonata em Sol Maior", de Christian Gottlieb Scheidler. Em cada par, os dois músicos tocavam partes diferentes da peça. Um guitarrista foi responsável por iniciar a música e ajustar o tempo, enquanto o outro foi instruído a seguir.
Em 60 ensaios, os pares de músicos mostraram oscilações cerebrais coordenadas - ou ritmos correspondentes de atividade neural - em regiões do cérebro associadas com a cognição social e produção musical, disseram os pesquisadores. "Quando as pessoas coordenam as suas próprias ações, pequenas redes entre as regiões cerebrais são formadas", disse Johanna Sänger, pesquisadora. "Mas observamos também propriedades de rede semelhantes entre os cérebros dos músicos individuais, especialmente quando a coordenação mútua é muito importante, por exemplo, no início conjunto de uma peça de música".
Sänger acrescentou que a sincronização interna das ondas cerebrais dos guitarristas estava presente, e realmente mais forte, antes do dueto começar. "Isso pode ser um reflexo da decisão do líder para começar a tocar num determinado momento no tempo", ela explicou. Outro investigador do Max Planck envolvido no estudo, Ulman Lindenberger, efectuou um conjunto similar de experiências em 2009. Mas, nesse estudo, que foi publicado no jornal BMC Neuroscience, os pares de guitarristas tocaram uma música em uníssono, em vez de em dueto. Lindenberger e sua equipa observaram o mesmo tipo de oscilações cerebrais coordenadas, mas observaram que a sincronização poderia ter sido o resultado das semelhanças das ações realizadas pelos pares de músicos.
Como os guitarristas no novo estudo tocaram diferentes partes de uma canção, os pesquisadores dizem que os seus resultados fornecem uma forte evidência de que há uma base neural para a coordenação interpessoal. A equipa acredita que as ondas cerebrais das pessoas também podem sincronizar-se durante outros tipos de ações, como durante os jogos desportivos. O estudo foi publicado online ontem (29 de novembro) na revista Frontiers in Human Neuroscience.